Estudos indicam que pessoas com ronco intenso têm maior chance de sofrer um derrame (AVC).
Embora muitas vezes visto apenas como um incômodo noturno, o ronco pode refletir distúrbios respiratórios do sono, como a apneia obstrutiva, que afetam diretamente o cérebro e o sistema cardiovascular.
O ronco ocorre quando o ar passa com dificuldade pelas vias respiratórias, fazendo os tecidos da garganta vibrarem.
Em casos mais graves, essa vibração se associa a pausas respiratórias e quedas de oxigênio no sangue, fenômenos que sobrecarregam o coração, elevam a pressão arterial e aumentam o risco de acidente vascular cerebral (AVC).
Reconhecer o ronco não apenas como um som incômodo, mas como um marcador clínico de risco neurológico e vascular, é fundamental para prevenir complicações graves.
O que acontece no corpo durante o ronco intenso?
Durante o sono, os músculos da faringe relaxam.
Em algumas pessoas, esse relaxamento é excessivo e leva ao estreitamento das vias aéreas, dificultando a passagem do ar.
O resultado é o ronco — uma vibração sonora que pode variar de leve a extremamente alta, dependendo da gravidade da obstrução.
Nos casos mais severos, o fluxo de ar é totalmente interrompido, gerando episódios de apneia obstrutiva do sono.
Essas pausas respiratórias reduzem a oxigenação cerebral e forçam o cérebro a “acordar” repetidamente para retomar a respiração, criando um ciclo de hipóxia e estresse fisiológico.
Como o ronco e a apneia afetam o sistema cardiovascular?
O ronco e a apneia ativam mecanismos fisiológicos que aumentam o esforço cardíaco e vascular.
A cada pausa respiratória, o oxigênio cai e o corpo responde liberando adrenalina e noradrenalina, hormônios que elevam a pressão arterial e a frequência cardíaca.
Com o tempo, essa hiperatividade simpática leva a:
- Hipertensão persistente;
- Inflamação vascular crônica;
- Arritmias cardíacas;
- Disfunção endotelial (lesão da parede interna dos vasos).
Essas alterações estruturais e metabólicas são os mesmos mecanismos que predispõem ao derrame cerebral.
Um estudo da American Heart Association aponta que pessoas com ronco alto e apneia não tratada têm até três vezes mais risco de AVC.
(AHA – Sleep Apnea and Stroke)
Qual é a relação entre o ronco intenso e o derrame cerebral?
O acidente vascular cerebral (AVC) ocorre quando o fluxo de sangue para o cérebro é interrompido (AVC isquêmico) ou quando há ruptura de vasos (AVC hemorrágico).
O ronco intenso, especialmente quando associado à apneia, contribui para ambos os tipos, devido a múltiplos mecanismos fisiopatológicos.
1. Hipóxia intermitente
Cada pausa respiratória provoca uma queda de oxigênio no sangue, seguida de reoxigenação.
Esse ciclo causa estresse oxidativo e inflama as paredes dos vasos cerebrais, favorecendo o acúmulo de placas e o risco de obstrução.
2. Picos de pressão arterial
O corpo reage às pausas respiratórias elevando a pressão arterial.
Esses picos noturnos, muitas vezes despercebidos, causam lesões nos pequenos vasos cerebrais, que ao longo do tempo podem levar a um AVC.
3. Aumento da coagulação
A apneia e o ronco intenso aumentam o fibrinogênio e a viscosidade sanguínea, facilitando a formação de coágulos que podem bloquear artérias cerebrais.
4. Fibrilação atrial e arritmias
A apneia altera a função cardíaca, favorecendo fibrilação atrial, arritmia que aumenta em cinco vezes o risco de AVC.
(NIH – Sleep Apnea and Atrial Fibrillation)
5. Disfunção endotelial
A hipóxia reduz o óxido nítrico, substância que mantém os vasos dilatados, aumentando o risco de colapso vascular cerebral.
O ronco intenso causa microlesões cerebrais?
Sim. Pesquisas de neuroimagem mostram que roncos altos e apneia do sono estão associados a microlesões cerebrais.
Essas lesões são provocadas pela falta de oxigênio e pela inflamação dos vasos, prejudicando áreas relacionadas à memória e à coordenação motora.
Estudos da University of California revelam que pessoas com apneia severa têm redução de substância cinzenta em regiões ligadas à atenção e ao controle autonômico.
(PubMed – PMID: 25736900)
Esses danos são cumulativos e, sem tratamento, aumentam significativamente o risco de AVC e declínio cognitivo precoce.
Quais são as evidências científicas dessa relação?
A conexão entre ronco intenso e AVC é sustentada por ampla literatura científica:
- O Sleep Heart Health Study mostrou que o ronco frequente duplica o risco de AVC isquêmico.
(PubMed – PMID: 16835300) - Um estudo da Mayo Clinic indicou que roncos altos e prolongados estão associados a espessamento da artéria carótida, principal via de irrigação cerebral.
(PubMed – PMID: 22542368) - A American Academy of Sleep Medicine (AASM) destaca que tratar a apneia reduz em até 60% a incidência de AVC e infarto.
(AASM – Sleep Apnea and Cardiovascular Risk)
Esses achados reforçam que o ronco é mais do que um sintoma — é um marcador clínico de risco vascular e neurológico.
Como é feito o diagnóstico do ronco e da apneia?
O diagnóstico envolve avaliação médica e exame de polissonografia, que monitora:
- Fluxo respiratório;
- Frequência cardíaca;
- Movimentos torácicos e abdominais;
- Saturação de oxigênio;
- Intensidade e frequência do ronco.
Esse exame permite determinar se o ronco está associado à apneia e qual a gravidade da condição.
Quais são as opções de tratamento?
O tratamento depende da causa e da gravidade:
- Mudanças de hábitos: perder peso, evitar álcool e dormir de lado.
- Aparelhos intraorais: reposicionam a mandíbula, mantendo as vias aéreas abertas.
- CPAP: fornece pressão contínua de ar para evitar o colapso das vias respiratórias.
- Cirurgias: indicadas em casos anatômicos específicos.
Em todos os casos, o tratamento reduz a fragmentação do sono e o risco de AVC.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Não, mas o ronco alto e frequente é um sinal de alerta, especialmente se houver pausas respiratórias.
O ronco em si não causa o derrame, mas pode ser sintoma de apneia, que aumenta o risco.
Sim. Mesmo casos leves podem causar hipóxia e picos de pressão.
Sim, estudos mostram melhora significativa após tratamento da apneia e do ronco intenso.
Sim. É o exame padrão para diagnóstico preciso.
Conclusão
Pessoas com ronco intenso têm maior chance de sofrer um derrame, e essa relação é bem documentada pela medicina moderna.
O ronco persistente, especialmente quando acompanhado de pausas respiratórias, representa um risco silencioso à saúde cerebral.
Diagnosticar e tratar precocemente é essencial para evitar complicações neurológicas e cardiovasculares.
Cuidar do sono é cuidar da vida — o descanso noturno saudável é um pilar da prevenção do AVC.
Referências
- Peppard PE, et al. Sleep-disordered breathing and cardiovascular risk. N Engl J Med. 2000. PubMed
- Yaggi HK, et al. Obstructive sleep apnea as a risk factor for stroke. N Engl J Med. 2005. PubMed
- Javaheri S, et al. Obstructive Sleep Apnea and Cardiovascular Disease. Hypertension. 2017. PubMed
- Mayo Clinic. Snoring and carotid artery disease. PubMed
- AASM. Sleep Apnea and Cardiovascular Disease. AASM.org
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