Você sabia que o bruxismo pode ser causado pelo ronco?
O bruxismo do sono é um distúrbio caracterizado pelo ranger ou apertar involuntário dos dentes durante o sono, resultado de uma combinação de fatores neurológicos, psicológicos e respiratórios.
Esse movimento mandibular involuntário, chamado de atividade muscular mastigatória rítmica, ocorre principalmente durante microdespertares, breves momentos em que o cérebro se ativa para restabelecer o fluxo de ar interrompido pelo ronco ou por episódios de apneia.
Nesses instantes, o corpo reage com aumento do tônus muscular e contração da mandíbula, o que pode levar ao ranger de dentes.
Portanto, compreender como o bruxismo pode ser causado pelo ronco é essencial para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz, pois ambos estão fortemente ligados à qualidade da respiração durante o sono.
O que é o ronco e por que ele ocorre?
O ronco surge quando há estreitamento das vias aéreas superiores, causando vibração dos tecidos da garganta — especialmente o palato mole, a úvula e a base da língua.
Durante o sono, o relaxamento muscular reduz o espaço para a passagem do ar, tornando o fluxo turbulento e gerando o som característico.
Entre os principais fatores estão:
- Obesidade, que comprime as vias respiratórias;
- Uso de álcool ou sedativos antes de dormir;
- Desvio de septo e congestão nasal crônica;
- Apneia obstrutiva do sono (AOS);
- Envelhecimento e alterações anatômicas mandibulares.
Embora pareça apenas um incômodo noturno, o ronco é um sinal de resistência ao fluxo aéreo, que frequentemente leva à fragmentação do sono e ativação muscular reflexa — o gatilho fisiológico do bruxismo.
Como o ronco pode causar o bruxismo do sono?
A relação entre ronco e bruxismo é mediada por uma resposta reflexa de defesa chamada resposta protetora respiratória.
Quando o ar tem dificuldade para passar, o corpo tenta reabrir as vias aéreas ativando músculos respiratórios e mandibulares.
Durante esse processo, ocorrem:
- Microdespertares cerebrais, com aumento da frequência cardíaca e do tônus muscular;
- Ativação dos músculos mastigatórios, que movimentam a mandíbula;
- Ranger ou apertar dos dentes, como reflexo para facilitar a passagem de ar.
Essa sequência mostra que o bruxismo pode ter origem respiratória, funcionando como um mecanismo automático de sobrevivência durante o sono.
Estudos indicam que, em até 60% dos casos, o bruxismo ocorre logo após eventos de ronco ou apneia leve.
(PubMed – PMID: 23094632)
O que acontece no cérebro durante o bruxismo induzido pelo ronco?
Durante o sono, o cérebro alterna entre fases profundas e leves.
O ronco e os microdespertares fragmentam essas fases, ativando o tronco encefálico e o sistema nervoso simpático, que aumentam o tônus muscular e a pressão arterial.
Essa ativação leva à contração involuntária dos músculos mastigatórios, resultando no ranger dos dentes.
Com o tempo, essa hiperatividade gera fadiga muscular, dor na mandíbula e desgaste dentário — sinais típicos do bruxismo do sono.
Assim, o bruxismo não é apenas uma resposta ao estresse, mas também uma resposta fisiológica à obstrução respiratória.
A apneia obstrutiva do sono também pode causar bruxismo?
Sim.
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é uma forma mais grave de obstrução respiratória e está frequentemente associada ao bruxismo.
Durante as pausas respiratórias, o corpo entra em hipóxia (queda de oxigênio) e ativa reflexos de emergência para restaurar o fluxo de ar.
O cérebro desencadeia um microdespertar, elevando a atividade muscular — incluindo a mastigatória.
Nesses momentos, o ranger dos dentes coincide com a reabertura da via aérea, explicando por que o bruxismo é tão comum em pacientes com apneia leve a moderada.
(AASM – Sleep-Related Movement Disorders)
Quais são os impactos dessa associação na saúde bucal e geral?
A coexistência de ronco e bruxismo potencializa os danos:
- Desgaste e fratura dentária;
- Dores faciais e tensão muscular;
- Cefaleias matinais;
- Distúrbios na ATM (articulação temporomandibular);
- Cansaço e irritabilidade diurna.
Além disso, a ativação repetida do sistema nervoso simpático pode contribuir para hipertensão noturna e alterações cardiovasculares, tornando o impacto do distúrbio não apenas bucal, mas sistêmico.
Como é feito o diagnóstico do bruxismo relacionado ao ronco?
O diagnóstico exige uma avaliação interdisciplinar.
O dentista analisa os sinais de desgaste dentário e dor muscular, enquanto o médico do sono investiga a respiração noturna por meio da polissonografia.
Esse exame permite correlacionar movimentos mandibulares, sons de ronco e quedas de oxigenação, confirmando se o bruxismo tem origem respiratória.
O diagnóstico correto é essencial para definir o tratamento adequado — que pode incluir aparelho intraoral, CPAP ou reeducação respiratória.
Quais são as opções de tratamento?
O tratamento deve ser personalizado e multidisciplinar, considerando tanto o aspecto respiratório quanto o muscular.
1. Aparelho intraoral
Reposiciona a mandíbula levemente para frente, aumentando o espaço da faringe e reduzindo o ronco e a pressão sobre os dentes.
(PubMed – PMID: 27817346)
2. CPAP
Indicado para casos de apneia moderada e grave, o CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) mantém as vias aéreas abertas com fluxo contínuo de ar.
3. Fisioterapia orofacial
Melhora a mobilidade e reduz a dor nos músculos mastigatórios e na ATM.
4. Controle do estresse
Embora o componente respiratório seja central, o estresse pode agravar o bruxismo.
Técnicas de relaxamento e terapia cognitivo-comportamental ajudam na regulação muscular.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Nem sempre, mas pode ser o gatilho em pessoas predispostas.
Sim. A contração mandibular pode deslocar a língua para trás, estreitando as vias aéreas.
Não. Ela protege os dentes, mas não corrige o problema respiratório.
Sim, e isso é comum. Ambos compartilham o mesmo mecanismo de microdespertar.
Em casos leves e moderados, sim. Sempre sob supervisão médica.
Conclusão
Compreender como o bruxismo pode ser causado pelo ronco é essencial para tratar o problema na origem.
O ranger de dentes pode ser uma tentativa inconsciente do corpo de restaurar a respiração e reabrir as vias aéreas durante o sono.
Por isso, o tratamento deve ir além da proteção dental, abordando a função respiratória e o padrão do sono.
Cuidar do ronco e da apneia é, portanto, uma forma de proteger não só os dentes, mas também o cérebro, o coração e a qualidade de vida.
Referências
Phillips CL, et al. Sleep apnea and cardiovascular disease. Circulation. 2013. PubMed
AASM. Sleep-Related Movement Disorders. AASM.org
Hosoya H, et al. Relationship between sleep bruxism and sleep-disordered breathing. Sleep Breath. 2017. PubMed
Lavigne GJ, et al. Sleep bruxism: physiology and pathology. Sleep Med Rev. 2008. PubMed
Sateia MJ. International classification of sleep disorders. Chest. 2014. PubMed
Nossas Unidades
Unidade Campinas – R. Antonio Lapa, 1020 – Bairro: Cambuí – WhatsApp (19) 99813-7019
Unidade Brooklin – São Paulo – R. Alcides Ricardini Neves,12 – WhatsApp (11) 94164-5052
Unidade Tatuapé – São Paulo – R. Cantagalo, 692 Conj 618 – WhatsApp (11) 94164-5052
Unidade Valinhos – Av. Joaquim Alves Correa, 4480 – Sala 1 – WhatsApp (19) 99813-7019
Polissonografia Domiciliar – Campinas e Valinhos – WhatsApp (19) 99813-7019
Leia mais sobre:
- Blog Bora Dormir
- Bruxismo do Sono
- Aparelho Anti Ronco
- Aparelho para Ronco
- Placa Anti Ronco
- Tratamento para Ronco
- Cirurgia do Ronco
- Como Parar de Roncar
- Placa Anti Ronco
- Aparelho para Parar de Roncar
- Aparelho para Apneia do Sono
- Tratamento para Apneia do Sono
- Odontologia do Sono
- Placa de Bruxismo
- Bruxismo e Zumbido no Ouvido
- ATM – Articulação Temporomandibular
- DTM – Disfunção Temporomandibular
