Você sabia que o ronco pode causar insônia e atrapalhar tanto o sono de quem ronca quanto o de quem dorme por perto?
Esse som incômodo surge quando o ar encontra dificuldade para passar pelas vias respiratórias, fazendo os tecidos da garganta — como o palato mole, a úvula e a base da língua — vibrarem durante o sono.
Isso acontece porque, ao dormirmos, os músculos da faringe relaxam. Em algumas pessoas, esse relaxamento é excessivo e acaba estreitando a passagem do ar, gerando o ronco.
Entre os fatores que favorecem o problema estão:
- Excesso de peso, que comprime as vias aéreas;
- Uso de álcool ou calmantes antes de dormir;
- Desvio de septo e congestão nasal;
- Apneia obstrutiva do sono (AOS);
- Envelhecimento e anatomia facial.
Embora pareça apenas um ruído noturno, o ronco pode indicar alterações respiratórias sérias. Quando constante, ele fragmenta o sono, causa despertares frequentes e pode estar diretamente ligado a quadros de insônia e fadiga diurna.
O ronco pode causar insônia?
Sim. O ronco e a insônia estão mais ligados do que se imagina.
Quando o ronco é intenso e recorrente, ele interrompe o ciclo normal do sono, gerando microdespertares inconscientes.
Esses pequenos despertares fragmentam o descanso e impedem que o corpo entre nas fases mais profundas do sono.
Além disso, o esforço para respirar adequadamente durante o ronco ativa o sistema nervoso simpático, aumentando os níveis de adrenalina e cortisol.
Com o tempo, o corpo entra em estado de alerta constante, dificultando o relaxamento e o início do sono — um dos principais mecanismos que levam à insônia.
O que é a insônia e como ela se manifesta?
A insônia é um distúrbio caracterizado por dificuldade para iniciar ou manter o sono, ou pela sensação de que o sono não foi restaurador.
Segundo o National Institutes of Health (NIH), cerca de 30% das pessoas têm sintomas ocasionais, e 10% sofrem de insônia crônica.
Os sintomas incluem:
- Dificuldade para adormecer;
- Despertares noturnos frequentes;
- Cansaço e irritabilidade durante o dia;
- Queda de concentração e memória.
A insônia pode ser primária (sem causa aparente) ou secundária, quando é consequência de outras condições — como o ronco e a apneia do sono.
Como o ronco interrompe os estágios do sono?
O sono ocorre em ciclos, alternando entre as fases NREM (sono leve e profundo) e REM (sono dos sonhos).
O ronco e a apneia fragmentam essas fases, impedindo o cérebro de atingir o descanso profundo necessário para restaurar o corpo e a mente.
A cada colapso das vias aéreas, ocorre queda de oxigênio no sangue e o cérebro é forçado a “acordar” para restabelecer a respiração.
Mesmo que a pessoa não perceba, isso gera dezenas de microdespertares por hora, resultando em um sono leve, superficial e não reparador.
O resultado é uma sensação de cansaço ao acordar, irritabilidade e dificuldade de concentração — sintomas típicos da insônia secundária ao ronco.
Qual é a relação entre ronco, apneia e insônia?
O ronco é frequentemente um sintoma precoce da apneia obstrutiva do sono (AOS) — uma condição em que a respiração é interrompida repetidamente durante o sono.
Enquanto o ronco representa uma obstrução parcial, a apneia envolve colapso total das vias aéreas.
Esse processo provoca queda nos níveis de oxigênio, aumento da frequência cardíaca e despertares involuntários.
Com o tempo, o cérebro associa o momento de dormir ao esforço respiratório, alimentando o ciclo da insônia.
Estudos da American Academy of Sleep Medicine (AASM) mostram que metade dos pacientes com apneia apresenta também sintomas de insônia, reforçando a ligação entre os dois distúrbios.
(AASM Guidelines)
Como o ronco e a insônia afetam o coração?
A combinação de sono fragmentado e hipóxia noturna (redução de oxigênio) tem impacto direto sobre o sistema cardiovascular.
O corpo, em resposta à dificuldade respiratória, ativa o sistema nervoso simpático, elevando a pressão arterial e a frequência cardíaca.
Com o tempo, isso leva a:
- Hipertensão resistente;
- Arritmias cardíacas;
- Doença arterial coronariana;
- Maior risco de AVC.
A insônia crônica também contribui para esse cenário, elevando os níveis de cortisol e provocando inflamação sistêmica.
Um estudo publicado no European Heart Journal (2019) demonstrou que pessoas com apneia e insônia simultâneas têm risco 70% maior de eventos cardiovasculares.
(PubMed – PMID: 31510741)
O ronco pode causar insônia em quem dorme ao lado?
Sim — e esse é um ponto muitas vezes ignorado.
O ruído constante do ronco pode interromper o sono do parceiro, causando despertares noturnos e até sintomas de insônia por associação.
O som do ronco pode ultrapassar 60 decibéis, comparável a uma conversa em voz alta.
Com o tempo, a falta de sono pode gerar irritabilidade, ansiedade e até o chamado “divórcio do sono”, quando o casal passa a dormir em quartos separados.
Ou seja, o ronco não afeta apenas o corpo de quem ronca, mas também o bem-estar emocional e relacional de quem compartilha a cama.
Quais são as opções de tratamento para o ronco e a insônia associada?
O tratamento deve abordar tanto as causas respiratórias quanto os efeitos sobre o sono.
Entre as principais opções estão:
1. Aparelhos Intraorais
Os aparelhos intraorais reposicionam a mandíbula e a língua, ampliando o espaço das vias aéreas.
São indicados para casos de ronco e apneia leve a moderada, e têm boa taxa de adesão.
(PubMed – PMID: 29562012)
2. CPAP (Pressão Positiva Contínua)
É o tratamento mais eficaz para apneia grave.
O aparelho fornece um fluxo de ar constante, impedindo o colapso das vias aéreas e normalizando a respiração durante o sono.
3. Terapia Posicional
Treina o paciente a dormir de lado, evitando a posição supina, que favorece o colapso das vias aéreas.
4. Controle de peso e hábitos saudáveis
Perder peso, evitar álcool e sedativos e manter horários regulares de sono ajuda a reduzir o ronco e melhorar o padrão de descanso.
5. Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I)
A TCC-I é uma abordagem não medicamentosa que atua reeducando o cérebro para dormir melhor, reduzindo a ansiedade noturna e fortalecendo o ciclo natural do sono.
O tratamento do ronco pode melhorar o desempenho mental?
Sim.
Ao restaurar a oxigenação e a continuidade do sono, o tratamento melhora a memória, o foco e o humor.
Pesquisas da National Sleep Foundation mostram que o controle da apneia e do ronco reduz em até 40% o risco de declínio cognitivo em adultos de meia-idade.
Tratar o ronco é, portanto, uma medida que vai além do conforto noturno — é uma forma de preservar a saúde cerebral e emocional.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Sim. O ruído e os microdespertares provocados pelo ronco podem fragmentar o sono e causar insônia de manutenção.
Sim. Com o tratamento adequado do ronco e a reeducação do sono, é possível restaurar o descanso natural.
Sim, se for frequente ou causar desconforto para o parceiro. Pode indicar início de apneia do sono.
Não. Eles relaxam ainda mais as vias aéreas e podem agravar o ronco e a apneia.
Sem dúvida. Reduz o cansaço, melhora o humor, protege o coração e devolve a energia do dia a dia.
Conclusão
O ronco não é apenas um incômodo noturno — é um sinal de alerta do corpo.
Quando persistente, ele fragmenta o sono, eleva o estresse fisiológico e pode evoluir para insônia e problemas cardiovasculares.
A boa notícia é que existem tratamentos eficazes, que vão desde mudanças de hábitos até aparelhos intraorais e terapias específicas para o sono.
Buscar ajuda especializada é essencial para restaurar a respiração, o descanso e a qualidade de vida.
Dormir bem não é um luxo — é um pilar da saúde física e emocional.
Cuidar do ronco é cuidar de si mesmo — e de quem dorme ao seu lado.
Referências
- American Academy of Sleep Medicine (AASM). Clinical Practice Guidelines for the Evaluation, Management and Long-term Care of Obstructive Sleep Apnea in Adults. AASM.org
- Javaheri S, et al. Obstructive Sleep Apnea and Cardiovascular Disease: Pathophysiology and Risk. Hypertension. 2017. PubMed
- Fernández-Mendoza J, et al. Insomnia and the risk of cardiovascular disease. Eur Heart J. 2019. PubMed
- Ramar K, et al. Clinical Practice Guideline for Oral Appliance Therapy. J Clin Sleep Med. 2015. PubMed
- Peppard PE, et al. Sleep-disordered breathing and sleep fragmentation: cardiovascular implications. N Engl J Med. 2000. PubMed
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