O que ninguém te contou sobre apneia do sono e ronco?
Quando falamos em apneia do sono e ronco, muita gente imagina apenas um “barulho incômodo” durante a noite. Mas logo no primeiro olhar mais atento percebemos que esses sinais representam algo muito mais profundo: um alerta fisiológico de que o corpo está lutando para respirar.
E esse alerta, quando ignorado, pode gerar impactos significativos na saúde — especialmente no coração, no metabolismo e no cérebro.
O Ronco pode ser apenas o começo. Em muitos casos, ele é o primeiro indício de que as vias aéreas superiores estão se estreitando ou colapsando durante o sono. Quando esse colapso se torna total e repetitivo, surge a apneia obstrutiva do sono (AOS), um distúrbio silencioso que afeta milhões de pessoas no mundo.
O que causa o ronco e a apneia do sono?
Tanto o Ronco quanto a apneia têm uma origem comum: a dificuldade do ar passar pelas vias aéreas superiores.
Durante o sono, os músculos da língua, do palato mole e da faringe relaxam. Quando esse relaxamento é exagerado ou quando há fatores anatômicos envolvidos, o espaço para passagem de ar diminui.
Entre as principais causas estão:
- Excesso de tecido na região da garganta;
- Obesidade e acúmulo de gordura cervical;
- Alterações anatômicas (septos desviados, amígdalas aumentadas);
- Idade, que reduz o tônus muscular;
- Consumo de álcool e sedativos;
- Dormir de barriga para cima;
- Fatores genéticos.
O ronco acontece quando o ar passa com dificuldade e faz esses tecidos vibrarem.
A apneia ocorre quando o fluxo de ar é totalmente interrompido por alguns segundos.
Como saber se o ronco é apenas um incômodo ou um sinal de risco?
A maioria das pessoas não sabe diferenciar o ronco simples do ronco associado à apneia. Mas alguns sinais ajudam muito a identificar quando é hora de investigar:
- Pausas respiratórias observadas por alguém;
- Engasgos, sufocamento ou gasping durante o sono;
- Ronco alto e diário;
- Sonolência excessiva durante o dia;
- Dor de cabeça matinal;
- Falta de concentração;
- Irritabilidade e alterações de humor;
- Despertares frequentes.
Se esses sintomas aparecem, é importante considerar a possibilidade de Apneia do Sono especialmente porque ela costuma passar despercebida por anos.
O que acontece no corpo durante a apneia do sono?
Para entender a gravidade desse distúrbio, é preciso visualizar a fisiologia por trás dos eventos.
Durante a apneia, as vias aéreas se fecham completamente. A respiração para por 10, 20, 60 segundos ou mais.
O oxigênio no sangue cai rapidamente (hipóxia). O cérebro detecta o risco e envia um “choque” para o corpo despertar e respirar novamente.
Esses microdespertares são tão rápidos que muitas vezes você nem percebe — mas eles impedem a entrada no sono profundo, a fase reparadora.
Isso desencadeia uma série de efeitos:
- Aumento de adrenalina e ativação do sistema nervoso simpático;
- Liberação de cortisol (hormônio do estresse);
- Inflamação generalizada;
- Estresse oxidativo;
- Aumento da pressão arterial;
- Sobrecarga cardíaca.
A longo prazo, o corpo vive uma espécie de “luta noturna” todos os dias — mesmo que a pessoa acredite estar dormindo a noite inteira.
Como apneia do sono e ronco impactam o coração?
Esse é um dos pontos mais subestimados. Estudos do National Institutes of Health (NIH), American Heart Association e PubMed mostram uma associação direta entre apneia e doenças cardiovasculares.
Os principais mecanismos são:
1. Hipóxia intermitente
As quedas repetidas de oxigênio prejudicam células cardíacas e vasos sanguíneos.
2. Sobrecarga simpática
O corpo dispara adrenalina repetidamente, aumentando a pressão arterial.
3. Inflamação vascular
A apneia aumenta marcadores inflamatórios como IL-6 e TNF-α.
4. Disfunção endotelial
O endotélio, camada que reveste os vasos, perde sua capacidade de relaxar corretamente.
Esses fatores explicam por que a apneia está fortemente ligada a:
- Hipertensão resistente;
- Arritmias;
- Infarto agudo do miocárdio;
- Acidente vascular cerebral;
- Insuficiência cardíaca.
E o cérebro? Como ele reage à apneia do sono?
O sono é essencial para processos cognitivos, consolidação da memória e regulação emocional.
Quando a apneia fragmenta o sono continuamente, essas funções entram em desequilíbrio.
Evidências científicas apontam aumento de risco para:
- Déficit de atenção;
- Dificuldade de concentração;
- Problemas de memória;
- Ansiedade e depressão;
- Irritabilidade;
- Risco maior de demência em idosos.
A falta de oxigênio e a interrupção do sono profundo afetam diretamente a saúde cerebral.
Como é feito o diagnóstico da apneia do sono?
O exame padrão é a polissonografia, realizada em laboratório ou de maneira domiciliar com equipamentos modernos.
Ela registra parâmetros como:
- Fluxo de ar;
- Saturação de oxigênio;
- Movimentos torácicos e abdominais;
- Frequência cardíaca;
- Estágios do sono;
- Número de pausas respiratórias.
Com esses dados, é possível classificar a apneia como leve, moderada ou grave — e definir o tratamento ideal.
Quais são os principais tratamentos para o ronco e a apneia do sono?
O tratamento depende de cada caso, mas pode incluir:
1. Mudança de hábitos
- Redução de peso;
- Evitar álcool à noite;
- Dormir de lado;
- Exercícios orofaciais;
- Higiene do sono.
2. Aparelho intraoral
Dispositivo que avança suavemente a mandíbula, impedindo o colapso das vias aéreas.
Muito eficaz para apneia leve e moderada.
3. CPAP (Continuous Positive Airway Pressure)
Padrão-ouro para apneia moderada e grave.
Mantém as vias aéreas abertas com fluxo contínuo de ar.
4. Cirurgias
Indicadas em casos anatômicos específicos, como amígdalas muito grandes ou desvio de septo.
5. Estimulação do nervo hipoglosso
Terapia moderna que melhora o tônus da língua, evitando obstrução.
Como a apneia do sono e ronco influenciam o metabolismo?
A apneia não afeta apenas o sono — ela mexe no organismo inteiro.
A fragmentação do sono e a liberação constante de cortisol causam:
- Resistência à insulina;
- Maior acúmulo de gordura abdominal;
- Alterações no apetite;
- Aumento do risco de diabetes.
Pessoas com apneia têm mais chances de engordar — e, ao engordar, a apneia piora.
É um ciclo que precisa ser quebrado.
Apneia do sono em mulheres: sinais diferentes?
Muitas mulheres não são diagnosticadas porque os sintomas podem ser mais sutis:
- Insônia;
- Enxaquecas;
- Ansiedade;
- Despertares frequentes;
- Menor percepção de ronco.
Após a menopausa, o risco aumenta bastante devido à queda hormonal.
Apneia do sono em crianças: um alerta silencioso
Em crianças, o ronco nunca é normal.
Pode indicar aumento das amígdalas e adenoides.
Consequências incluem:
- Irritabilidade;
- Dificuldade escolar;
- Hiperatividade;
- Déficit de crescimento.
Diagnóstico precoce é fundamental.
FAQs – Apneia do sono e ronco
Não sempre, mas é comum que o ronco seja o primeiro sinal da apneia.
Sim, especialmente devido à queda de oxigênio repetida.
Dependem da causa. Muitos casos têm controle excelente com tratamento adequado.
Sim, pois o tônus muscular da via aérea diminui com o envelhecimento.
Podem, especialmente se houver ganho de peso ou abandono das terapias recomendadas.
Conclusão: escutar o alerta que o corpo envia
A combinação Apneia do Sono e ronco é um dos sinais mais importantes que o corpo pode dar — mas também um dos mais ignorados.
Por ser silenciosa, progressiva e crônica, a apneia rouba saúde, energia e qualidade de vida sem que a pessoa perceba.
O diagnóstico e o tratamento precoces mudam completamente o desfecho.
Tratar a apneia é proteger o coração, preservar o cérebro, equilibrar o metabolismo e recuperar noites de sono que realmente restauram o corpo.
A saúde começa pela respiração — e o sono é o momento em que ela mais precisa estar funcionando.
Referências internacionais
Eckert DJ. “Phenotypic approaches to obstructive sleep apnea.” PubMed
American Academy of Sleep Medicine (AASM): https://aasm.org
National Institutes of Health (NIH): https://www.nhlbi.nih.gov
Peppard PE et al. “Increased prevalence of sleep-disordered breathing.” PubMed
Punjabi NM. “The epidemiology of adult obstructive sleep apnea.” PubMed
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