Ronco faz mal? Sim, o ronco faz mal — especialmente quando é frequente, alto e acompanhado de pausas na respiração. Embora muitas pessoas o encarem como apenas um incômodo noturno, o ronco pode indicar um distúrbio respiratório sério, como a apneia obstrutiva do sono (AOS).
O ronco ocorre quando há dificuldade na passagem do ar pelas vias respiratórias, fazendo os tecidos da garganta vibrarem. Quando isso se torna repetitivo, o corpo sofre com a falta de oxigênio, o aumento da pressão arterial e o estresse cardiovascular, o que pode levar a consequências graves, como infarto, AVC e fadiga crônica.
Entender por que o ronco faz mal é essencial para proteger não só o sono, mas também o coração e o cérebro.
O que causa o ronco?
O ronco é resultado de uma vibração anormal dos tecidos da orofaringe (palato mole, úvula e base da língua) causada pelo estreitamento das vias respiratórias.
Durante o sono, os músculos que sustentam essas estruturas relaxam. Se o espaço aéreo for reduzido, o ar passa com mais dificuldade e provoca vibrações sonoras.
As principais causas incluem:
- Obesidade: o excesso de gordura no pescoço pressiona as vias respiratórias.
- Uso de álcool e sedativos: relaxam a musculatura da garganta.
- Obstrução nasal: causada por desvio de septo, rinite ou sinusite.
- Anatomia desfavorável: mandíbula retraída ou amígdalas aumentadas.
- Apneia obstrutiva do sono: pausas respiratórias que aumentam o esforço respiratório.
Dormir de costas também favorece o ronco, pois a língua tende a recuar e bloquear parcialmente o fluxo de ar.
Como o ronco afeta o corpo?
O ronco, principalmente quando associado à apneia do sono, tem efeitos sistêmicos. Cada episódio de obstrução parcial ou total da via aérea provoca queda nos níveis de oxigênio (hipoxemia) e aumento da pressão intratorácica, o que força o coração a trabalhar mais.
Esse ciclo de desoxigenação e reoxigenação ativa o sistema nervoso simpático, elevando a pressão arterial e causando estresse oxidativo nas células.
Com o tempo, isso contribui para:
- Hipertensão arterial resistente;
- Aterosclerose (endurecimento das artérias);
- Arritmias cardíacas;
- Inflamação sistêmica.
Pesquisas do National Institutes of Health (NIH) e da American Heart Association confirmam que a apneia do sono e o ronco frequente aumentam o risco de doenças cardiovasculares em até 140%.
(NIH – Sleep Apnea and Heart Disease)
Ronco faz mal para o coração?
Sim, o ronco faz mal para o coração.
Durante o sono, o corpo deveria relaxar, reduzindo a pressão arterial e a frequência cardíaca. Mas o ronco — especialmente quando associado à apneia — impede esse repouso fisiológico.
Cada vez que o fluxo de ar é interrompido, o cérebro reage com um “alarme interno”, liberando adrenalina e cortisol, hormônios que aumentam a pressão e sobrecarregam o coração.
A longo prazo, isso pode causar:
- Hipertrofia ventricular esquerda (aumento da parede do coração);
- Fibrilação atrial (ritmo cardíaco irregular);
- Insuficiência cardíaca congestiva.
Estudos publicados no European Heart Journal apontam que pacientes com apneia obstrutiva do sono não tratada têm duas vezes mais chances de sofrer AVC ou infarto.
(PubMed – PMID: 33969471)
Ronco faz mal para o cérebro?
Sim. O ronco persistente está ligado a redução da oxigenação cerebral e alterações cognitivas.
A hipóxia intermitente — quedas repetidas de oxigênio — prejudica a memória, atenção e funções executivas.
Com o tempo, essa condição pode afetar a plasticidade neuronal e aumentar o risco de demência vascular e Alzheimer.
Um estudo publicado no Journal of Alzheimer’s Disease mostrou que pacientes com apneia têm maior acúmulo de proteína beta-amiloide, associada à degeneração cerebral.
(PubMed – PMID: 32213159)
Além disso, o sono fragmentado causa fadiga mental, irritabilidade e diminuição da produtividade, impactando a vida social e profissional.
O ronco afeta o sono do parceiro?
Sim — e muito.
O barulho do ronco pode ultrapassar 70 decibéis, comparável ao som de um aspirador de pó.
Isso provoca despertares frequentes no parceiro e leva, em muitos casos, ao chamado “divórcio do sono”, quando o casal passa a dormir em quartos separados.
Além do impacto emocional, essa ruptura pode afetar o relacionamento e a saúde mental dos dois, reforçando a importância de buscar diagnóstico e tratamento conjunto.
Como saber se o ronco está fazendo mal?
Alguns sinais indicam que o ronco está prejudicando sua saúde:
- Ronco alto, constante e com pausas na respiração;
- Sensação de sufocamento ou engasgos noturnos;
- Cansaço mesmo após dormir várias horas;
- Dores de cabeça matinais;
- Sonolência durante o dia;
- Dificuldade de concentração e memória.
Esses sintomas sugerem apneia obstrutiva do sono, que deve ser confirmada por exame — principalmente a polissonografia, o padrão-ouro para o diagnóstico.
Como é feito o diagnóstico do ronco e da apneia?
O diagnóstico começa com uma avaliação clínica detalhada, incluindo histórico de sono, hábitos e características físicas.
A seguir, o médico do sono solicita a polissonografia, exame que monitora durante o sono:
- Fluxo de ar nasal e oral;
- Movimentos respiratórios;
- Níveis de oxigênio;
- Frequência cardíaca;
- Sons de ronco e microdespertares.
A análise do exame permite diferenciar ronco simples de apneia obstrutiva do sono e definir a gravidade do quadro.
Ronco faz mal: quais os tratamentos disponíveis?
O tratamento depende da causa e da gravidade, podendo incluir medidas clínicas e odontológicas.
1. Mudanças de estilo de vida
- Evitar álcool e sedativos antes de dormir;
- Dormir de lado em vez de barriga para cima;
- Manter o peso corporal ideal;
- Controlar alergias e obstruções nasais.
2. Aparelho intraoral
O aparelho intraoral avança a mandíbula e a língua, ampliando o espaço das vias aéreas. É eficaz em casos de ronco primário e apneia leve a moderada.
(PubMed – PMID: 27817346)
3. CPAP (Continuous Positive Airway Pressure)
Considerado o padrão-ouro para apneia grave, o CPAP mantém as vias aéreas abertas por meio de fluxo contínuo de ar pressurizado.
4. Tratamentos cirúrgicos
Quando há causas anatômicas, como desvio de septo, amígdalas aumentadas ou retrognatismo, a cirurgia pode ser indicada.
O tratamento multidisciplinar, envolvendo médicos e dentistas do sono, é essencial para garantir resultados duradouros e seguros.
Ronco faz mal mesmo se for leve?
Mesmo o ronco leve, quando frequente, pode comprometer a qualidade do sono e gerar sintomas de cansaço e irritabilidade.
Além disso, pode evoluir para quadros mais graves se houver ganho de peso, envelhecimento ou consumo de álcool.
Por isso, o ideal é não ignorar o ronco, mesmo quando parece inofensivo. Ele é uma mensagem do corpo, mostrando que algo está interferindo na respiração e na recuperação do organismo.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Sim. O ronco frequente pode indicar apneia e aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
Sim. O esforço respiratório eleva a pressão e sobrecarrega o sistema cardiovascular.
Sim. A falta de oxigênio noturna afeta a memória e pode causar danos cognitivos.
Sim, se for constante. Ele fragmenta o sono e causa fadiga.
Depende da causa. Tratamentos como aparelhos intraorais e CPAP controlam eficazmente o problema.
Conclusão
O ronco faz mal porque reflete dificuldades respiratórias que prejudicam o sono e o funcionamento do corpo.
Mais do que um som incômodo, ele pode ser o primeiro sinal de apneia obstrutiva do sono, um distúrbio que ameaça o coração, o cérebro e a qualidade de vida.
Buscar diagnóstico é essencial. Com acompanhamento especializado, é possível respirar melhor, dormir com qualidade e proteger a saúde a longo prazo.
Seu corpo fala até quando você dorme — o ronco pode ser o grito silencioso que pede atenção.
Referências
Lavigne GJ, et al. Sleep bruxism and airway resistance. Sleep Med Rev. 2008. PubMed
American Academy of Sleep Medicine (AASM). Clinical Practice Guidelines for Obstructive Sleep Apnea. AASM.org
NIH. Sleep Apnea and Heart Disease. NIH.gov
Javaheri S, et al. Obstructive Sleep Apnea and Cardiovascular Disease. Hypertension. 2017. PubMed
Malhotra A, et al. Sleep-disordered breathing and stroke risk. Eur Heart J. 2021. PubMed
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