A apneia do sono é um fator de risco para AVC, pois causa repetidas pausas respiratórias que reduzem a oxigenação cerebral e provocam alterações cardiovasculares significativas.
Durante o sono, ocorre o colapso parcial ou total das vias aéreas superiores, o que interrompe o fluxo de ar por alguns segundos e força o cérebro a despertar brevemente para restaurar a respiração.
Essas pausas respiratórias podem acontecer dezenas ou até centenas de vezes por noite, levando à fragmentação do sono e a episódios repetidos de hipóxia (queda de oxigênio).
Com o tempo, esses eventos afetam diretamente a pressão arterial, a função vascular e a circulação cerebral, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de acidente vascular cerebral (AVC).
O ronco alto, despertares noturnos com sensação de sufocamento e sonolência diurna são sinais comuns de que algo está errado.
Mesmo que pareça apenas um distúrbio do sono, a apneia deve ser encarada como uma condição médica grave, com impacto direto sobre a saúde do coração e do cérebro.

















O que acontece no corpo durante um episódio de apneia?
Durante o sono, a musculatura da garganta relaxa naturalmente. Em pessoas com apneia, esse relaxamento é excessivo, levando ao fechamento das vias aéreas.
O cérebro, ao detectar a falta de oxigênio, ativa o sistema nervoso simpático — liberando adrenalina para forçar a reabertura da via aérea e restabelecer a respiração.
Esse ciclo contínuo provoca:
- Picos repetitivos de pressão arterial;
- Aumento da frequência cardíaca;
- Estresse oxidativo e inflamação vascular;
- Redução do fluxo sanguíneo cerebral.
Com o tempo, o corpo passa a viver em estado de alerta crônico, o que sobrecarrega o coração e compromete a integridade dos vasos sanguíneos — mecanismos centrais no desenvolvimento do AVC.

















Como a apneia obstrutiva do sono aumenta o risco de AVC?
A apneia está diretamente ligada à ocorrência de AVC isquêmico (causado por obstrução de artérias cerebrais) e AVC hemorrágico (ruptura de vasos).
Esse risco é explicado por cinco mecanismos principais:
1. Hipóxia intermitente e inflamação
Cada pausa respiratória reduz os níveis de oxigênio e aumenta os de dióxido de carbono no sangue.
Isso ativa processos inflamatórios e libera radicais livres, que danificam o endotélio (revestimento interno dos vasos), favorecendo aterosclerose e microlesões cerebrais.
2. Ativação simpática e hipertensão noturna
Os despertares causados pela apneia liberam adrenalina e noradrenalina, elevando a pressão arterial mesmo durante o sono.
Essa “hipertensão noturna oculta” é um importante preditor de AVC, frequentemente não detectado em medições diurnas.
3. Alterações na coagulação
A apneia aumenta o fibrinogênio e a agregação plaquetária, tornando o sangue mais espesso e propenso à formação de trombos.
Esses coágulos podem bloquear artérias cerebrais e causar AVC isquêmico.
4. Disfunção endotelial
A hipóxia crônica reduz a produção de óxido nítrico, prejudicando a dilatação dos vasos e elevando o risco de lesões vasculares.
5. Fibrilação atrial e arritmias
A apneia sobrecarrega o coração e favorece fibrilação atrial (FA), condição que multiplica por cinco o risco de AVC.
(NIH – Sleep Apnea and Atrial Fibrillation)
Quais são as evidências científicas que comprovam essa relação?
A ligação entre apneia do sono e AVC é bem estabelecida por estudos internacionais:
- O New England Journal of Medicine mostrou que pacientes com apneia grave têm até quatro vezes mais risco de AVC.
 (PubMed – PMID: 11832577)
- O Sleep Heart Health Study, com mais de 6.000 participantes, concluiu que o índice de apneia-hipopneia (IAH) está fortemente associado ao risco de AVC isquêmico em homens.
 (PubMed – PMID: 16835300)
- Pesquisas no European Heart Journal (2018) mostraram que o uso de CPAP reduz significativamente a ocorrência de eventos cerebrovasculares.
 (PubMed – PMID: 29893831)
Essas evidências reforçam que a apneia é um fator de risco modificável — tratar o distúrbio pode literalmente salvar o cérebro.
Quais são os sintomas que indicam risco de apneia e AVC?
A combinação de ronco alto, pausas respiratórias e sonolência diurna é o principal sinal de alerta.
Outros sintomas incluem:
- Cefaleia matinal;
- Dificuldade de concentração e memória;
- Pressão arterial elevada;
- Irritabilidade e ansiedade.
Pacientes com obesidade, diabetes, tabagismo ou histórico familiar de AVC estão em grupo de maior risco e devem realizar uma polissonografia — exame que identifica a presença e a gravidade da apneia.
O tratamento da apneia reduz o risco de AVC?
Sim, de forma significativa.
O controle da apneia melhora a oxigenação cerebral, reduz a pressão arterial e estabiliza a frequência cardíaca durante o sono.
As opções incluem:
- CPAP (Continuous Positive Airway Pressure): mantém as vias aéreas abertas com pressão contínua de ar;
- Aparelho intraoral: avança a mandíbula, ampliando o espaço da faringe;
- Perda de peso e mudanças de hábitos;
- Evitar álcool e sedativos antes de dormir.
O tratamento adequado reverte os efeitos fisiológicos da apneia e reduz o risco de AVC, infarto e demência.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Sim, mesmo formas leves podem causar hipóxia e picos de pressão arterial que afetam o cérebro.
Sim. Estudos demonstram que o CPAP reduz a incidência de AVC em pacientes com apneia moderada e grave.
Sim, a apneia ocorre em até 70% dos casos e atrapalha a reabilitação se não for tratada.
Nem sempre, mas o ronco alto e pausas respiratórias observadas devem ser avaliados.
Por meio da polissonografia, que monitora a respiração e a oxigenação durante o sono.
Conclusão
A apneia obstrutiva do sono é um fator de risco para AVC, e reconhecer esse vínculo é essencial para prevenção e tratamento.
A hipóxia intermitente, a inflamação e as variações cardiovasculares que ocorrem durante o sono criam um ambiente propício para lesões cerebrais.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado — seja com CPAP, aparelhos intraorais ou mudança de hábitos — protegem o cérebro, o coração e a qualidade de vida.
Dormir bem é mais do que descansar: é cuidar da saúde neurológica e cardiovascular.
Ignorar o ronco ou a apneia pode custar caro — inclusive o risco de um AVC evitável.
Referências
NIH. Sleep Apnea and Stroke. NIH.gov
Peppard PE, et al. Sleep-disordered breathing and cardiovascular risk. N Engl J Med. 2000. PubMed
Yaggi HK, et al. Obstructive sleep apnea as a risk factor for stroke. N Engl J Med. 2005. PubMed
Javaheri S, et al. Obstructive Sleep Apnea and Cardiovascular Disease. Hypertension. 2017. PubMed
Parra O, et al. Sleep-disordered breathing and stroke: role of CPAP therapy. Eur Heart J. 2018. PubMed
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