O que é o aparelho intraoral e como ele trata o ronco? O aparelho intraoral é um dispositivo odontológico desenvolvido para o tratamento do ronco e da apneia obstrutiva do sono (AOS). Confeccionado sob medida, ele é utilizado durante o sono e atua promovendo um avanço suave e controlado da mandíbula e da língua, evitando que as vias aéreas se estreitem ou colapsem.
De forma simples, o aparelho intraoral mantém a passagem do ar desobstruída, reduzindo as vibrações que geram o ronco e prevenindo as pausas respiratórias que caracterizam a apneia.
Seu uso é amplamente reconhecido pela American Academy of Sleep Medicine (AASM) como uma alternativa eficaz e segura ao CPAP, especialmente em casos de apneia leve a moderada ou em pacientes que têm dificuldade de adaptação ao equipamento.
Como o ronco se forma?
O ronco ocorre quando o ar passa com dificuldade pelas vias aéreas superiores — especialmente a faringe — durante o sono.
O estreitamento ou colapso parcial dessas estruturas faz o ar vibrar tecidos moles como o palato mole, úvula e base da língua, gerando o som característico.
Durante o sono, o tônus muscular das vias aéreas diminui naturalmente.
Em algumas pessoas, esse relaxamento é excessivo, e a passagem do ar se torna turbulenta.
Fatores como obesidade, anatomia craniofacial, álcool, uso de sedativos e congestão nasal aumentam o risco de ronco.
O que acontece no corpo durante o ronco e a apneia do sono?
Durante o sono, especialmente na fase REM, os músculos da garganta e da língua relaxam.
Se as vias aéreas forem estreitas, esse relaxamento pode causar colapso parcial (ronco) ou total (apneia).
A apneia provoca redução do oxigênio no sangue (hipóxia) e aumento do dióxido de carbono (hipercapnia), estimulando o cérebro a “acordar” brevemente para restabelecer a respiração.
Esses despertares — chamados microdespertares — fragmentam o sono, prejudicando sua qualidade.
A repetição desses eventos causa:
- Ativação constante do sistema nervoso simpático;
- Aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca;
- Maior risco de hipertensão, arritmias e doenças cardiovasculares.
Esse ciclo fisiológico mostra como problemas respiratórios noturnos afetam diretamente o coração e o metabolismo.
Como o aparelho intraoral atua no controle do ronco?
O princípio de funcionamento do aparelho intraoral baseia-se no avanço mandibular — um leve deslocamento da mandíbula e da língua para frente, ampliando o espaço da orofaringe e reduzindo o colapso das vias aéreas.
Esse movimento anterioriza também o osso hióide e os músculos suprahióideos, diminuindo a resistência ao fluxo de ar e reduzindo as vibrações que causam o ronco.
Além disso, ao melhorar a passagem de ar, o aparelho estabiliza a respiração e reduz os microdespertares, proporcionando um sono mais profundo e contínuo.
Um estudo publicado no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine demonstrou que o uso do aparelho intraoral reduziu o índice de ronco em mais de 70% dos pacientes e melhorou significativamente a oxigenação noturna.
(PubMed – PMID: 29562012)
O aparelho intraoral também ajuda na apneia do sono?
Sim. O aparelho intraoral é eficaz não apenas contra o ronco, mas também no tratamento de apneia obstrutiva leve e moderada.
Ele previne o colapso total das vias aéreas, que ocorre durante os episódios de apneia.
Durante o uso, o dispositivo:
- Aumenta o diâmetro faríngeo;
- Reduz o índice de apneia-hipopneia (IAH);
- Melhora a saturação de oxigênio no sangue;
- Diminui a sonolência diurna.
Em casos mais graves, o aparelho pode ser usado em conjunto com o CPAP para reduzir a pressão necessária e facilitar a adesão ao tratamento.
Um estudo da American Academy of Sleep Medicine (AASM) mostrou que pacientes que não toleravam o CPAP obtiveram melhora semelhante nos sintomas ao utilizar o aparelho intraoral, com adesão superior a 80%. (AASM Guidelines)
Como é feito o diagnóstico antes de usar o aparelho intraoral?
O tratamento com aparelho intraoral deve sempre começar com uma avaliação multidisciplinar, envolvendo odontologia do sono, otorrinolaringologia e medicina do sono.
O diagnóstico é feito por meio de:
- Exame clínico detalhado da cavidade oral e da mandíbula;
- Avaliação anatômica das vias aéreas;
- Polissonografia noturna, que registra os parâmetros respiratórios e a gravidade da apneia.
A partir desses dados, o especialista determina se o aparelho intraoral é indicado e qual modelo é mais apropriado.
Ele é confeccionado sob medida, utilizando moldes ou escaneamento 3D da arcada dentária, garantindo conforto e eficácia.
Quais são os tipos de aparelhos intraorais disponíveis?
Existem diferentes modelos de aparelhos intraorais, mas todos compartilham o mesmo objetivo: avanço mandibular controlado.
Os principais tipos são:
- Monobloco: possui estrutura única, com avanço fixo da mandíbula;
- Bibloco ajustável: formado por duas placas (superior e inferior) conectadas por mecanismos que permitem ajustes graduais;
- Dispositivos de avanço titulado: permitem o controle milimétrico do avanço, otimizando a abertura das vias aéreas sem causar desconforto.
O modelo bibloco ajustável é o mais utilizado atualmente, por oferecer melhor adaptação, eficácia e conforto prolongado.
Quais são os benefícios do aparelho intraoral?
O uso do aparelho intraoral oferece múltiplos benefícios, tanto respiratórios quanto sistêmicos:
- Redução significativa do ronco;
- Melhora da oxigenação e do padrão respiratório noturno;
- Sono mais profundo e reparador;
- Redução da fadiga e da sonolência diurna;
- Melhora da concentração e do humor;
- Diminuição do risco cardiovascular associado à apneia.
Além disso, o aparelho é discreto, portátil e silencioso, o que favorece a adesão ao tratamento em comparação com o CPAP.
Existem efeitos colaterais ou limitações?
O aparelho intraoral é bem tolerado na maioria dos casos, mas pode causar efeitos transitórios durante o período de adaptação, como:
- Sensação de pressão nos dentes;
- Pequena dor mandibular ao acordar;
- Aumento temporário da salivação.
Esses sintomas geralmente desaparecem após alguns dias de uso contínuo.
Raramente, em uso prolongado, pode ocorrer alteração na mordida, por isso o acompanhamento odontológico periódico é essencial.
Em casos de apneia grave, o aparelho isolado pode não ser suficiente, sendo necessário o uso combinado com outras terapias.
Como o aparelho intraoral se compara ao CPAP?
O CPAP continua sendo o tratamento mais eficaz para apneia grave, mas o aparelho intraoral representa uma alternativa segura e prática para muitos pacientes.
Comparativamente:
- Eficácia: o CPAP elimina quase 100% dos episódios de apneia; o aparelho reduz significativamente os eventos em casos leves e moderados.
- Conforto: o aparelho é mais confortável e discreto, favorecendo a adesão.
- Portabilidade: ideal para viagens e uso fora de casa.
- Adesão: estudos mostram adesão superior ao CPAP em até 85% dos casos.
Ambos os tratamentos podem ser complementares, e a escolha depende da gravidade da apneia, anatomia e tolerância individual.
Quais são os impactos do tratamento sobre o sistema cardiovascular?
O controle do ronco e da apneia com o aparelho intraoral vai além da melhora do sono. Ele tem impactos positivos diretos sobre o sistema cardiovascular.
Ao estabilizar a respiração noturna, o aparelho:
- Reduz a ativação simpática noturna;
- Diminui a pressão arterial média;
- Melhora a função endotelial;
- Reduz marcadores inflamatórios circulantes.
Um estudo publicado no Chest Journal (2018) mostrou que o uso contínuo do aparelho intraoral reduziu em 10% a pressão arterial sistólica em pacientes com apneia leve a moderada.
(PubMed – PMID: 30175992)
Esses resultados reforçam o papel do aparelho não apenas no sono, mas também na prevenção de doenças cardiovasculares associadas à apneia.
O acompanhamento é necessário após iniciar o tratamento?
Sim. O sucesso do tratamento depende de ajustes regulares e acompanhamento multidisciplinar.
O paciente deve retornar ao especialista para:
- Ajustar o avanço mandibular;
- Verificar o conforto e a adaptação;
- Monitorar resultados com nova polissonografia, se necessário.
A avaliação contínua garante que o aparelho permaneça eficaz e seguro, evitando complicações e mantendo o controle dos sintomas.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Ele não cura definitivamente, mas controla o ronco e a apneia leve a moderada, melhorando a respiração noturna.
Sim, após alguns dias de adaptação. Modelos ajustáveis oferecem mais conforto.
Não. É indicado principalmente para apneia leve ou moderada, ou como complemento ao CPAP.
Sim. O diagnóstico deve incluir polissonografia e avaliação odontológica e médica.
Sim, em casos de ausência dentária extensa, disfunção severa da ATM ou apneia grave sem acompanhamento médico.
Conclusão
O aparelho intraoral representa uma solução eficaz, confortável e cientificamente validada para o tratamento do ronco e da apneia obstrutiva do sono.
Seu mecanismo de avanço mandibular restaura a passagem do ar, melhora a oxigenação e reduz os riscos cardiovasculares.
Mais do que eliminar o ruído incômodo do ronco, o aparelho protege o sono, o coração e a qualidade de vida.
O acompanhamento com profissionais qualificados — dentistas do sono e médicos especialistas — é essencial para garantir a segurança e a eficácia do tratamento.
Dormir bem é mais do que descansar: é cuidar da saúde de forma integral.
Referências
- American Academy of Sleep Medicine (AASM). Clinical Practice Guideline for Oral Appliance Therapy. AASM.org
- Ferguson KA, et al. Oral appliances for snoring and obstructive sleep apnea: a review. Am J Respir Crit Care Med. 2006. PubMed
- Ramar K, et al. Clinical Practice Guideline for Oral Appliance Therapy. J Clin Sleep Med. 2015. PubMed
- Sutherland K, et al. Oral Appliance Treatment for Obstructive Sleep Apnea: Efficacy and Mechanisms. Chest. 2018. PubMed
- Peppard PE, et al. Sleep-disordered breathing and cardiovascular risk. N Engl J Med. 2000. PubMed
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