Ronco excessivo

Ronco Excessivo: Alerta de que algo está errado!

O ronco excessivo é muito mais do que um simples incômodo noturno. Trata-se de um som produzido pela vibração dos tecidos da garganta durante a passagem do ar quando há algum tipo de obstrução parcial das vias respiratórias superiores.

Embora o ronco leve e ocasional seja comum, especialmente em pessoas cansadas ou após o consumo de álcool, o ronco alto, frequente e perturbador pode indicar um distúrbio respiratório mais sério — frequentemente associado à apneia obstrutiva do sono (AOS).

O termo “excessivo” se refere tanto à intensidade sonora quanto à frequência e duração do ronco. Quando ele ocorre quase todas as noites, acorda o parceiro ou vem acompanhado de pausas respiratórias, estamos diante de um sinal de alerta para procurar avaliação médica.

Por que o ronco excessivo acontece?

Durante o sono, os músculos da garganta e da língua relaxam. Em algumas pessoas, esse relaxamento é maior do que o normal, fazendo com que as paredes da faringe se estreitem. O ar que passa por esse espaço reduzido causa vibrações nos tecidos moles — e é isso que gera o ronco.

Vários fatores podem contribuir para esse estreitamento das vias aéreas:

  • Obesidade: o acúmulo de gordura na região do pescoço comprime a garganta;
  • Anatomia: amígdalas grandes, úvula alongada ou septo nasal desviado;
  • Idade: o tônus muscular diminui com o envelhecimento;
  • Uso de álcool e sedativos: aumentam o relaxamento muscular;
  • Posição ao dormir: dormir de barriga para cima favorece o fechamento da garganta.

Quando o estreitamento é severo a ponto de interromper a passagem do ar por alguns segundos, ocorre a apneia obstrutiva do sono — um distúrbio respiratório potencialmente grave.

Ronco excessivo e apneia do sono estão relacionados?

Sim. Na maioria dos casos, o ronco excessivo é um dos principais sintomas da apneia obstrutiva do sono (AOS). Essa condição é caracterizada por repetidas pausas respiratórias durante o sono, que podem durar de 10 segundos até mais de um minuto.

Cada episódio de apneia leva a uma queda na oxigenação sanguínea, forçando o cérebro a “acordar” brevemente o corpo para retomar a respiração. Isso fragmenta o sono e impede o descanso profundo, essencial para a recuperação física e mental.

Segundo a American Academy of Sleep Medicine (AASM), estima-se que até 25% dos homens e 10% das mulheres sofram de apneia do sono, e muitos não sabem. O ronco intenso e frequente é frequentemente o primeiro sinal observado pelos parceiros.

Quais são os riscos do ronco excessivo para a saúde cardiovascular?

As interrupções respiratórias causadas pela apneia do sono e pelo ronco excessivo resultam em hipóxia intermitente (falta de oxigênio repetida), que ativa o sistema nervoso simpático e provoca aumento da pressão arterial.

Estudos publicados pelo National Institutes of Health (NIH) e PubMed indicam uma forte associação entre apneia do sono e hipertensão, arritmias, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).

A fisiologia por trás disso é complexa, mas envolve três principais mecanismos:

  1. Ativação simpática crônica: o corpo reage à falta de oxigênio liberando adrenalina e noradrenalina, elevando a pressão arterial;
  2. Inflamação sistêmica: os episódios de hipóxia aumentam a produção de radicais livres e citocinas inflamatórias;
  3. Disfunção endotelial: o revestimento interno dos vasos sanguíneos perde sua capacidade de regular o fluxo e a pressão.

Com o tempo, esses fatores combinados contribuem para o envelhecimento precoce do sistema cardiovascular, aumentando o risco de doenças graves.

Como o ronco excessivo afeta o cérebro e o metabolismo?

O ronco excessivo e as pausas respiratórias reduzem o aporte de oxigênio cerebral, afetando regiões responsáveis pela memória, concentração e humor.

Pesquisas da Harvard Medical School mostram que pacientes com apneia do sono não tratada apresentam maior risco de déficit cognitivo leve, depressão e ansiedade. Além disso, o sono fragmentado interfere na regulação dos hormônios que controlam o apetite (leptina e grelina), favorecendo o ganho de peso e o desenvolvimento de resistência à insulina.

Ou seja, o ronco excessivo pode iniciar um ciclo vicioso: quanto mais a pessoa engorda, mais o ronco piora — e quanto mais o sono é prejudicado, maior o risco de obesidade e diabetes tipo 2.

Como é feito o diagnóstico do ronco excessivo?

O diagnóstico envolve uma avaliação clínica detalhada e exames específicos. O principal é a polissonografia, um teste que monitora diversas funções fisiológicas durante o sono, como:

  • Fluxo de ar nasal e oral;
  • Movimentos torácicos e abdominais;
  • Níveis de oxigênio no sangue (oximetria);
  • Frequência cardíaca e atividade cerebral.

Atualmente, existe a opção da polissonografia domiciliar, realizada com dispositivos portáteis que registram os mesmos parâmetros, proporcionando maior conforto e acesso ao diagnóstico.

Com base nos resultados, o médico pode determinar se o ronco é simples ou se está associado à apneia do sono, classificando sua gravidade.

Quais são as opções de tratamento para o ronco excessivo?

O tratamento depende da causa e da gravidade do quadro. Em casos leves, mudanças de hábitos já podem reduzir significativamente o problema. Em situações mais complexas, é necessário tratamento especializado.

Tratamentos comportamentais

  • Controle do peso corporal: emagrecer reduz a compressão das vias aéreas;
  • Evitar álcool e sedativos antes de dormir;
  • Dormir de lado: reduz o colapso da faringe;
  • Higiene do sono: manter rotina regular e evitar telas antes de deitar.

Tratamentos clínicos

  • Aparelho intraoral: dispositivo feito sob medida por dentistas especializados, que posiciona a mandíbula ligeiramente para frente, abrindo espaço na via aérea. É altamente eficaz em casos leves e moderados de apneia.
  • CPAP (Continuous Positive Airway Pressure): aparelho que fornece fluxo contínuo de ar pressurizado, impedindo o colapso das vias respiratórias. É o tratamento padrão-ouro para apneia grave.

Tratamentos cirúrgicos

Em casos específicos, podem ser indicadas cirurgias para corrigir anormalidades anatômicas — como amígdalas hipertrofiadas, desvio de septo ou excesso de tecido palatino.

Existe relação entre ronco excessivo e envelhecimento precoce?

Sim. A privação crônica de sono causada pelo ronco excessivo afeta a regeneração celular e o equilíbrio hormonal. O sono profundo é essencial para liberar o hormônio do crescimento e reparar tecidos.

Quando o sono é interrompido constantemente, há aumento do cortisol, o hormônio do estresse, que acelera o envelhecimento, prejudica o sistema imunológico e aumenta a propensão a doenças metabólicas.

Além disso, estudos publicados na Sleep Medicine Reviews mostram que pacientes com apneia apresentam telômeros mais curtos, um marcador biológico de envelhecimento celular.

Quais hábitos ajudam a prevenir o ronco excessivo?

  • Manter o peso corporal saudável;
  • Praticar atividade física regularmente;
  • Evitar fumar e consumir álcool à noite;
  • Dormir em ambiente silencioso e escuro;
  • Manter o nariz livre de obstruções (uso de soro fisiológico ajuda);
  • Consultar um especialista em sono diante de qualquer sintoma persistente.

Essas medidas ajudam a preservar a saúde das vias respiratórias e a qualidade do sono, prevenindo complicações a longo prazo.

Ronco excessivo em crianças: é normal?

Não. Em crianças, o ronco frequente pode estar relacionado a aumento das amígdalas ou adenoides, alergias respiratórias ou alterações anatômicas.

A apneia infantil pode causar déficit de atenção, irritabilidade, sonolência diurna e dificuldades de aprendizado. Portanto, o ronco em crianças nunca deve ser ignorado — o diagnóstico precoce é fundamental para evitar prejuízos no desenvolvimento.

Conclusão: o ronco excessivo é um sinal de alerta do corpo

O ronco excessivo é um sintoma que merece atenção médica. Ele não deve ser encarado como algo normal ou apenas incômodo para o parceiro, mas como um indicador de disfunção respiratória durante o sono.

Ignorar esse sinal pode levar a consequências sérias — desde fadiga e perda cognitiva até doenças cardiovasculares e metabólicas.

Buscar avaliação especializada e realizar exames como a polissonografia é essencial para entender a causa e adotar o tratamento adequado. Dormir bem não é luxo, é uma necessidade fisiológica vital para a longevidade e o equilíbrio do corpo.

FAQs sobre ronco excessivo

Ronco excessivo sempre indica apneia do sono?

Nem sempre, mas é um forte indicativo. A apneia deve ser investigada por meio de exames específicos.

Ronco excessivo pode causar pressão alta?

Sim. A falta de oxigênio durante o sono aumenta a ativação do sistema nervoso e eleva a pressão arterial.

O ronco excessivo tem cura?

Na maioria dos casos, sim. O tratamento adequado, aliado à mudança de hábitos, pode eliminar ou reduzir significativamente o problema.

Aparelhos intraorais ajudam no ronco excessivo?

Sim. Eles reposicionam a mandíbula e melhoram a passagem de ar, sendo eficazes em casos leves e moderados.

O ronco excessivo pode voltar após o tratamento?

Pode, especialmente se os fatores de risco, como ganho de peso e consumo de álcool, não forem controlados.


Referências bibliográficas

Sleep Medicine Reviews. “Sleep apnea and aging: Effects on cellular senescence.” 2020. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32359921/

American Academy of Sleep Medicine (AASM). Obstructive Sleep Apnea and Snoring. https://aasm.org

National Institutes of Health (NIH). Sleep Apnea Information Page. https://www.ninds.nih.gov

Peppard PE et al. “Increased Prevalence of Sleep-Disordered Breathing in Adults.” Am J Epidemiol. 2013. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23589584/

Punjabi NM. “The Epidemiology of Adult Obstructive Sleep Apnea.” Proc Am Thorac Soc. 2008. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18250205/

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Dr Paulo Coelho

Dr. Paulo Coelho é graduado em Odontologia e Psicanálise, com especialização em Ortodontia, DTM e Dor Orofacial. Possui Mestrado em Ortodontia e Doutorado em Psicanálise, com foco em Distúrbios do Sono e Odontologia do Sono.
Atua de forma integrada no tratamento do ronco, da apneia do sono e das disfunções orofaciais, unindo ciência e abordagem humanizada para promover saúde, bem-estar e qualidade de vida.

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