O ronco é o som produzido pela vibração dos tecidos da garganta durante a passagem do ar nas vias aéreas superiores enquanto dormimos. Ele ocorre quando há estreitamento ou relaxamento excessivo dessas estruturas, como o palato mole, a úvula ou a base da língua.
Durante o sono, os músculos da garganta naturalmente relaxam. Em algumas pessoas, esse relaxamento é suficiente para provocar resistência ao fluxo de ar, causando turbulência e o som característico do ronco.
O ronco pode variar de leve a intenso e, embora muitas vezes seja benigno, também pode ser um sinal precoce de distúrbios respiratórios do sono, como a apneia obstrutiva.
O que é a apneia obstrutiva do sono?
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é uma condição em que ocorre interrupção completa (apneia) ou redução significativa (hipopneia) do fluxo de ar durante o sono.
Essas pausas respiratórias acontecem porque as vias aéreas superiores colapsam parcial ou totalmente, impedindo a entrada de ar nos pulmões, mesmo com esforço respiratório.
Cada episódio pode durar de 10 a 120 segundos e se repetir de dezenas a centenas de vezes por noite, levando a quedas nos níveis de oxigênio no sangue (hipóxia) e fragmentação do sono.
Ao contrário do ronco simples, a apneia é um distúrbio clínico grave, com implicações cardiovasculares, neurológicas e metabólicas.

















Quais são as principais diferenças entre ronco e apneia do sono?
Embora o ronco e a apneia possam coexistir, eles são fenômenos distintos com causas e consequências diferentes.
Aspecto | Ronco | Apneia do Sono |
---|---|---|
Natureza | Som causado pela vibração dos tecidos da garganta | Interrupção ou redução do fluxo de ar devido ao colapso das vias aéreas |
Respiração | Mantida durante todo o sono | Pausas respiratórias frequentes |
Oxigenação | Normal | Queda da saturação de oxigênio (hipóxia) |
Sintomas diurnos | Normalmente ausentes | Sonolência, fadiga, dor de cabeça matinal |
Gravidade | Geralmente leve e benigna | Potencialmente grave e com risco cardiovascular |
Tratamento | Mudanças de hábitos e posicionamento | Avaliação médica e terapias específicas (CPAP, aparelhos intraorais etc.) |
O ronco pode ser um estágio inicial da apneia, principalmente quando há sobrepeso, uso de álcool ou antecedentes familiares de distúrbios respiratórios do sono.

















O que acontece no corpo durante um episódio de apneia?
Durante o sono normal, o corpo alterna entre fases de sono leve, profundo e REM, permitindo a recuperação física e mental.
Na apneia, esse ciclo é interrompido repetidamente.
Quando as vias aéreas colapsam, o ar deixa de chegar aos pulmões. O cérebro percebe a falta de oxigênio e envia sinais de alerta, ativando o sistema nervoso simpático.
Isso provoca um microdespertar, aumentando o tônus muscular e restabelecendo o fluxo de ar — geralmente acompanhado de um ronco forte ou engasgo.
Esses microdespertares impedem o sono profundo e causam fragmentação do descanso, levando à fadiga crônica, irritabilidade e dificuldades cognitivas.
Além disso, a hipóxia repetitiva e a hipercapnia (acúmulo de CO₂) geram estresse oxidativo e inflamação vascular, afetando o sistema cardiovascular.
Como a apneia do sono afeta o coração e os vasos sanguíneos?
A apneia obstrutiva do sono é considerada um fator de risco independente para doenças cardiovasculares.
Os mecanismos fisiopatológicos envolvem:
- Ativação simpática crônica: Durante os microdespertares, o corpo libera adrenalina e noradrenalina, aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial.
- Hipóxia intermitente: A queda repetida de oxigênio no sangue causa disfunção endotelial, prejudicando a dilatação dos vasos.
- Inflamação sistêmica: Citocinas inflamatórias (IL-6, TNF-α) elevam o risco de aterosclerose.
- Alterações metabólicas: A apneia está associada à resistência à insulina e ao aumento de colesterol e triglicerídeos.
Esses fatores contribuem para o desenvolvimento de hipertensão arterial, arritmias, insuficiência cardíaca e AVC.
Um estudo publicado no Circulation Journal (2020) mostrou que pacientes com apneia moderada a grave têm até 140% mais risco de eventos cardiovasculares em comparação com a população geral.
O ronco também pode causar problemas cardiovasculares?
O ronco simples não causa hipóxia significativa, mas pode ter efeitos mecânicos e hemodinâmicos a longo prazo.
Pesquisas indicam que a vibração intensa e contínua durante o ronco pode gerar microlesões nas artérias carótidas, favorecendo o desenvolvimento de aterosclerose precoce.
Um estudo publicado no Sleep and Breathing (2021) identificou espessamento da parede carotídea em roncadores crônicos, mesmo sem apneia associada.
Portanto, embora o ronco não tenha o mesmo impacto sistêmico que a apneia, ele deve ser monitorado com atenção, especialmente quando há histórico de doenças cardiovasculares.
Quais são os sintomas de alerta que diferenciam o ronco da apneia?
Os sinais que podem indicar que o ronco está evoluindo para apneia incluem:
- Pausas respiratórias observadas por parceiros de sono;
- Engasgos ou sufocamento durante a noite;
- Despertares frequentes com sensação de falta de ar;
- Sonolência diurna excessiva;
- Dores de cabeça ao acordar;
- Irritabilidade, dificuldade de concentração e perda de memória;
- Diminuição da libido.
Se esses sintomas estiverem presentes, é fundamental procurar avaliação com um especialista em sono.
Como é feito o diagnóstico da apneia e do ronco?
1. Avaliação clínica
O diagnóstico começa com uma anamnese detalhada e o exame físico. O médico avalia fatores como peso, circunferência cervical, anatomia facial e histórico familiar.
2. Polissonografia
A polissonografia é o padrão-ouro para o diagnóstico da apneia. O exame registra simultaneamente:
- Fluxo respiratório e movimentos torácicos;
- Saturação de oxigênio (SpO₂);
- Frequência cardíaca e atividade cerebral;
- Sons de ronco e posição corporal.
Com base nos resultados, o médico determina o Índice de Apneia-Hipopneia (IAH) e classifica a gravidade:
- Leve: 5–15 eventos/hora
- Moderada: 15–30 eventos/hora
- Grave: >30 eventos/hora
Quais são as opções de tratamento?
O tratamento depende da gravidade do distúrbio e das características individuais do paciente.
1. Mudanças de estilo de vida
- Redução de peso corporal;
- Evitar álcool e sedativos antes de dormir;
- Dormir de lado para reduzir o colapso das vias aéreas;
- Praticar atividade física regularmente.
2. Dispositivos intraorais
Os dispositivos de avanço mandibular (DIAM) deslocam a mandíbula e a língua para frente, aumentando o espaço das vias aéreas e reduzindo o colapso.
Eles são eficazes em casos leves e moderados de apneia e também auxiliam no controle do ronco.
3. CPAP (Continuous Positive Airway Pressure)
O CPAP é o tratamento padrão para apneia moderada e grave. O aparelho fornece fluxo contínuo de ar pressurizado, mantendo as vias aéreas abertas durante o sono.
4. Cirurgias e terapias complementares
Em casos anatômicos específicos (desvio de septo, hipertrofia de amígdalas), pode ser indicada cirurgia otorrinolaringológica.
Outras abordagens incluem fisioterapia orofacial e treinamento miofuncional, que fortalecem os músculos da garganta.
Quais são as evidências científicas mais recentes?
A relação entre apneia, ronco e doenças cardiovasculares é amplamente estudada:
- Redline et al., 2010 (NEJM): A apneia aumenta em quase três vezes o risco de AVC isquêmico.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20554944/ - Somers et al., 2008 (Circulation): A apneia ativa repetidamente o sistema simpático, elevando a pressão arterial noturna.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18591439/ - Young et al., 2002 (Sleep): O ronco isolado foi associado ao aumento do risco de hipertensão arterial em longo prazo.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12071536/
Esses estudos reforçam a importância de diferenciar o ronco benigno da apneia obstrutiva, garantindo tratamento adequado e prevenção de complicações.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Não. O ronco pode ocorrer isoladamente, mas é um sinal de alerta para possíveis distúrbios respiratórios.
Sim. Algumas pessoas com apneia não roncam, especialmente em casos centrais ou leves.
Indiretamente, sim. Quando associado à apneia, o ronco contribui para hipóxia e pode afetar a perfusão cerebral.
Preferencialmente, sim. A polissonografia em laboratório oferece dados mais completos e precisos.
Com acompanhamento adequado, é possível reduzir significativamente ambos e restaurar a qualidade do sono.
Conclusão
Embora o ronco e a apneia do sono sejam frequentemente confundidos, suas diferenças são fundamentais.
O ronco isolado pode ser apenas um som incômodo, mas quando acompanhado de pausas respiratórias e sonolência diurna, indica um distúrbio potencialmente grave.
A apneia afeta não apenas o sono, mas também o coração, o cérebro e o metabolismo. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado reduzem o risco de hipertensão, arritmias e AVC, além de melhorar a qualidade de vida.
Entender essa diferença é o primeiro passo para reconhecer o ronco como um sinal de alerta — e não apenas como um barulho noturno.
Referências
- Redline S, et al. Obstructive Sleep Apnea–Hypopnea and Incident Stroke: The Sleep Heart Health Study. N Engl J Med. 2010. PubMed
- Somers VK, et al. Sleep Apnea and Cardiovascular Disease. Circulation. 2008. PubMed
- Young T, et al. Sleep-disordered breathing and hypertension: population-based study. Sleep. 2002. PubMed
- Javaheri S, et al. Sleep Apnea and Cardiovascular Disease: Updated Review. J Am Coll Cardiol. 2018. PubMed
- American Academy of Sleep Medicine. International Classification of Sleep Disorders (ICSD-3). 2014.
Nossas Unidades
Unidade Campinas – R. Antonio Lapa, 1020 – Bairro: Cambuí – WhatsApp (19) 99813-7019
Unidade Brooklin – São Paulo – R. Alcides Ricardini Neves,12 – WhatsApp (11) 94164-5052
Unidade Tatuapé – São Paulo – R. Cantagalo, 692 Conj 618 – WhatsApp (11) 94164-5052
Unidade Valinhos – Av. Joaquim Alves Correa, 4480 – Sala 1 – WhatsApp (19) 99813-7019
Leia mais sobre:
- Blog Bora Dormir
- Bruxismo do Sono
- Aparelho Anti Ronco
- Aparelho para Ronco
- Placa Anti Ronco
- Tratamento para Ronco
- Cirurgia do Ronco
- Como Parar de Roncar
- Placa Anti Ronco
- Aparelho para Parar de Roncar
- Aparelho para Apneia do Sono
- Tratamento para Apneia do Sono
- Odontologia do Sono
- Placa de Bruxismo
- Bruxismo e Zumbido no Ouvido
- ATM – Articulação Temporomandibular
- DTM – Disfunção Temporomandibular