A pergunta mais comum entre quem busca ajuda é: existe tratamento para ronco? E a resposta é sim — mas, antes de tratar, é fundamental entender por que o ronco acontece.
O ronco é causado pela vibração dos tecidos da garganta quando o ar encontra resistência durante a passagem pelas vias respiratórias. Isso ocorre porque, durante o sono, os músculos da faringe, da língua e do palato mole relaxam. Em algumas pessoas, esse relaxamento é excessivo, estreitando o espaço por onde o ar passa.
Essa obstrução parcial provoca o som característico do ronco, que pode variar de intensidade e frequência. Quando o bloqueio é mais severo e o ar deixa de passar temporariamente, ocorre a apneia obstrutiva do sono (AOS), uma condição com graves implicações para a saúde.
Por que o ronco não deve ser ignorado?
O ronco não é apenas um incômodo social. Ele pode indicar um distúrbio respiratório durante o sono e afetar profundamente a qualidade do descanso e o funcionamento do corpo.
Durante o ronco intenso ou apneia, há quedas repetidas na oxigenação do sangue (hipóxia), levando o cérebro a interromper o sono para restabelecer a respiração. Isso provoca sono fragmentado, cansaço diurno, irritabilidade, déficit de memória e menor desempenho cognitivo.
Estudos do National Institutes of Health (NIH) mostram que indivíduos com apneia não tratada apresentam maior risco de hipertensão arterial, doenças cardíacas, AVC e resistência à insulina.
Em outras palavras, o ronco pode ser o primeiro alerta de um problema muito maior — e tratá-lo é uma questão de saúde, não apenas de conforto.
Como o ronco se relaciona com a apneia do sono?
O ronco é frequentemente o sintoma mais perceptível da apneia obstrutiva do sono, condição em que a via aérea superior se colapsa repetidamente durante o sono.
Cada episódio de apneia pode durar de 10 a 60 segundos, resultando em microdespertares — breves interrupções do sono que a pessoa nem percebe, mas que impedem o descanso profundo.
Fisiologia da apneia
A apneia ocorre quando:
- O tônus muscular da garganta diminui excessivamente;
- A língua e o palato mole caem para trás, bloqueando o ar;
- O cérebro detecta falta de oxigênio e desperta o corpo brevemente para retomar a respiração.
Esse ciclo pode se repetir dezenas ou centenas de vezes por noite. Com o tempo, o corpo sofre consequências metabólicas e cardiovasculares importantes.
Quais são os impactos do ronco e da apneia no coração?
O ronco persistente e a apneia estão diretamente ligados a problemas cardiovasculares.
Durante os episódios de apneia, o corpo sofre picos de ativação do sistema nervoso simpático, o mesmo que entra em ação durante situações de estresse. Isso eleva temporariamente a pressão arterial e a frequência cardíaca.
A exposição contínua a essa descarga de adrenalina e noradrenalina provoca:
- Hipertensão arterial sustentada;
- Arritmias cardíacas;
- Maior risco de infarto e AVC;
- Inflamação sistêmica e disfunção endotelial, que prejudicam a circulação.
Pesquisas publicadas no Journal of the American College of Cardiology confirmam que pacientes com apneia do sono têm até duas vezes mais risco de eventos cardiovasculares em comparação com quem dorme normalmente.
Existe tratamento para ronco simples e para apneia do sono?
Sim. E a boa notícia é que os tratamentos variam conforme a causa e a gravidade do problema. Nem todo ronco é apneia, e nem toda apneia exige o mesmo tipo de abordagem.
Vamos explorar as principais opções.
Quais são as opções de tratamento comportamental?
Em casos leves, o ronco pode ser controlado com mudanças de hábitos e ajustes no estilo de vida.
Medidas eficazes incluem:
- Perda de peso: o acúmulo de gordura no pescoço comprime a via aérea;
- Evitar álcool e sedativos antes de dormir: reduzem o tônus muscular da garganta;
- Dormir de lado: evita o colapso das vias respiratórias que ocorre quando a pessoa dorme de barriga para cima;
- Manter rotina de sono regular: reduz o cansaço excessivo e melhora a função respiratória noturna.
Essas medidas simples podem reduzir significativamente o ronco e melhorar a qualidade do sono.
O aparelho bucal anti ronco realmente funciona?
Sim. O aparelho bucal intraoral é uma das opções mais eficazes e confortáveis para tratar o ronco e a apneia leve a moderada.
Esse dispositivo, confeccionado sob medida, projeta a mandíbula e a língua para frente, ampliando o espaço na faringe e evitando o colapso das vias respiratórias.
A American Academy of Sleep Medicine (AASM) reconhece o aparelho como tratamento de primeira linha para pacientes com apneia leve ou que não toleram o uso do CPAP.
Entre os benefícios do uso:
- Redução do ronco em até 80%;
- Melhora na oxigenação noturna;
- Sono mais profundo e contínuo;
- Maior adesão ao tratamento em relação ao CPAP.
O que é o CPAP e quando ele é necessário?
O CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) é o tratamento padrão-ouro para apneia moderada a grave.
O aparelho fornece fluxo contínuo de ar pressurizado através de uma máscara, impedindo que as vias respiratórias se fechem durante o sono.
Embora altamente eficaz, o CPAP requer adaptação, pois pode causar desconforto, ruído e dificuldade para dormir nas primeiras semanas. Ainda assim, é o método com maior eficácia comprovada para prevenir complicações cardiovasculares.
Estudos da National Institutes of Health (NIH) mostram que o uso regular do CPAP reduz a pressão arterial e melhora significativamente a função cardíaca.
Existem cirurgias para tratar o ronco?
Sim, em casos selecionados. A cirurgia é indicada quando há alterações anatômicas obstrutivas que dificultam o fluxo de ar, como:
- Desvio de septo nasal;
- Amígdalas ou adenoides aumentadas;
- Excesso de tecido no palato mole;
- Colapso estrutural das vias respiratórias.
Os principais procedimentos incluem:
- Uvulopalatofaringoplastia (UPFP): remove tecido redundante da garganta;
- Cirurgia nasal: corrige desvios ou obstruções no nariz;
- Avanço maxilomandibular: amplia o espaço da via aérea através do reposicionamento ósseo.
Apesar de eficazes em alguns casos, as cirurgias exigem avaliação criteriosa, pois envolvem riscos e nem sempre garantem resultados permanentes.
O ronco pode ser tratado com terapias alternativas?
Alguns métodos complementares podem ajudar, especialmente quando o ronco é leve e relacionado à má respiração nasal ou ao relaxamento muscular.
Entre eles:
- Fisioterapia miofuncional orofacial: fortalece os músculos da língua e garganta;
- Terapia postural do sono: treina o corpo a dormir de lado;
- Uso de dilatadores nasais: melhora o fluxo de ar em casos de congestão;
- Controle de alergias respiratórias: reduz obstruções nasais.
Embora úteis, essas abordagens devem ser vistas como coadjuvantes, e não substitutos de um tratamento médico ou odontológico bem estruturado.
Como é feito o diagnóstico do ronco e da apneia?
O diagnóstico começa com uma avaliação clínica detalhada e, em seguida, com um exame específico chamado polissonografia.
Esse teste registra, durante o sono:
- Frequência respiratória e cardíaca;
- Movimentos torácicos e abdominais;
- Saturação de oxigênio;
- Fluxo de ar;
- Estágios do sono.
A partir dos resultados, é possível classificar a gravidade do distúrbio e indicar o tratamento mais adequado.
Atualmente, a polissonografia domiciliar é uma alternativa prática, permitindo o exame no conforto da própria casa.
Existe tratamento para ronco em crianças?
Sim, e é fundamental identificá-lo cedo. Em crianças, o ronco frequente pode indicar aumento das amígdalas ou adenoides e estar associado a distúrbios do crescimento e déficit de atenção.
O tratamento costuma envolver:
- Cirurgia para remoção das amígdalas/adenoides;
- Correção de problemas nasais;
- Terapia miofuncional;
- Acompanhamento ortodôntico, quando há alterações no crescimento facial.
Ignorar o ronco infantil pode comprometer o desenvolvimento físico e cognitivo da criança.
Existe tratamento para ronco sem precisar de aparelho?
Sim, em casos leves. Quando o ronco é causado por hábitos ou fatores temporários — como resfriados, alergias ou posição ao dormir —, medidas simples podem resolver:
- Higiene do sono adequada;
- Controle do peso corporal;
- Tratamento de obstruções nasais;
- Evitar álcool à noite;
- Dormir de lado.
Mas se o ronco for frequente e alto, é essencial investigar com um especialista, pois pode indicar apneia obstrutiva.
Conclusão: existe tratamento para ronco — e buscar ajuda é o primeiro passo
O ronco não deve ser normalizado. Ele é um sinal de que algo está comprometendo a respiração durante o sono, e tratá-lo é cuidar da saúde de todo o corpo.
Hoje, existe tratamento para ronco seguro, eficaz e baseado em evidências. Desde ajustes de hábitos até terapias avançadas, como o aparelho intraoral e o CPAP, há soluções para cada tipo de paciente.
Dormir bem é essencial para a regeneração física, o equilíbrio emocional e a longevidade. Reconhecer o problema e buscar ajuda especializada é um ato de autocuidado e prevenção.
FAQs sobre existe tratamento para ronco
Sim. Mudanças de hábitos e o uso de aparelhos bucais podem resolver a maioria dos casos leves.
Sim. O aparelho intraoral é uma alternativa eficaz para apneia leve a moderada.
Sim, geralmente envolve avaliação das amígdalas e adenoides e acompanhamento ortodôntico.
Sim. A perda de peso reduz a compressão das vias aéreas e melhora o fluxo respiratório.
Sim, mas é indicado apenas em casos específicos de obstrução anatômica.
Referências bibliográficas
Punjabi NM. “The Epidemiology of Adult Obstructive Sleep Apnea.” Proc Am Thorac Soc. 2008. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18250205/
American Academy of Sleep Medicine (AASM). Clinical Guidelines for the Treatment of Snoring and OSA. https://aasm.org
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Peppard PE et al. “Increased Prevalence of Sleep-Disordered Breathing in Adults.” Am J Epidemiol. 2013. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23589584/
Sutherland K, Cistulli PA. “Oral Appliance Therapy for Obstructive Sleep Apnea: Current Perspectives.” Nature and Science of Sleep. 2020. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31908477/
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