O que é um aparelho para apneia do sono?
O aparelho para apneia do sono é um dispositivo intraoral desenvolvido para tratar o ronco e a apneia obstrutiva do sono (AOS), especialmente nos casos leves a moderados. Ele atua reposicionando a mandíbula e, em alguns modelos, também a língua, ampliando o espaço da via aérea superior e reduzindo o risco de colapso durante o sono.
É uma alternativa consolidada ao CPAP, principalmente para pacientes que não toleram a máscara ou o fluxo de ar pressurizado. Estudos da American Academy of Sleep Medicine (AASM) mostram que os dispositivos orais apresentam alta taxa de adesão, o que contribui para resultados clínicos consistentes.
Como a apneia do sono se desenvolve?
A apneia obstrutiva do sono ocorre quando há um estreitamento ou colapso completo da via aérea superior, geralmente na região da faringe. Durante o sono, os músculos relaxam; se a estrutura anatômica já for naturalmente estreita, a passagem de ar fica comprometida.
Quando isso acontece, surgem episódios repetidos de interrupção da respiração — as apneias — acompanhados por quedas de oxigênio no sangue. O cérebro reage ativando microdespertares, impedindo que o corpo entre nas fases mais profundas e restauradoras do sono.
Esse ciclo pode ocorrer dezenas ou até centenas de vezes por noite, prejudicando a oxigenação, o descanso e afetando diversos sistemas corporais.
Quais são os riscos da apneia do sono não tratada?
A apneia não é apenas um incômodo noturno; ela está associada a consequências sérias. Entre elas:
- Hipertensão arterial, especialmente a resistente a medicamentos;
- Arritmias, como fibrilação atrial;
- Infarto agudo do miocárdio;
- Acidente vascular cerebral (AVC);
- Diabetes tipo 2 e resistência à insulina;
- Déficits cognitivos, como perda de memória e dificuldade de concentração;
- Aumento do risco de acidentes de trânsito devido à sonolência diurna.
Segundo o NIH (National Institutes of Health), a apneia obstrutiva está fortemente ligada à inflamação sistêmica, ao estresse oxidativo e à disfunção endotelial — fatores que aceleram o envelhecimento cardiovascular.
Como funciona o aparelho para apneia do sono?
O aparelho intraoral funciona mecanicamente, alterando a posição da mandíbula e/ou da língua para evitar o colapso das vias aéreas. Ele pode atuar de três maneiras:
1. Avanço mandibular
É o mecanismo mais comum. O dispositivo projeta a mandíbula alguns milímetros para frente, aumentando o espaço da via aérea posterior e reduzindo o risco de obstrução.
2. Retenção lingual
Alguns modelos mantêm a língua suavemente posicionada para evitar que ela caia para trás durante o sono — uma causa comum de ronco e apneia.
3. Abertura da via aérea superior
O avanço mandibular reduz a pressão negativa da respiração, estabilizando as estruturas faríngeas. Isso facilita o fluxo de ar e diminui a vibração dos tecidos moles.
Vários estudos no PubMed demonstram que aparelhos de avanço mandibular reduzem significativamente o índice de apneia-hipopneia (IAH) e a sonolência diurna em pacientes com AOS leve a moderada.
Por que o aparelho funciona tão bem em casos leves e moderados?
A fisiologia da apneia indica que a maior parte dos colapsos ocorre na faringe devido ao relaxamento muscular e ao estreitamento anatômico.
O dispositivo atua justamente nesse ponto, fazendo pequenas mudanças estruturais que têm grande impacto funcional.
Essas alterações ajudam a:
- Ampliar o espaço aéreo superior;
- Melhorar a estabilidade da faringe;
- Reduzir vibrações (ronco);
- Minimizar pausas respiratórias;
- Aumentar a oxigenação noturna.
Quando usado corretamente, o aparelho pode reduzir até 80% dos eventos de apneia em alguns pacientes — resultado amplamente documentado na literatura científica.
O aparelho para apneia substitui o CPAP?
Depende do caso.
O CPAP é considerado o padrão-ouro para apneia moderada a grave, pois mantém a via aérea aberta por meio de pressão positiva contínua. Entretanto, sua eficácia depende da adesão, e muitos pacientes têm dificuldade com:
- A máscara facial;
- Ruído do equipamento;
- Sensação de sufocamento;
- Irritação na pele;
- Desconforto noturno.
Para esses pacientes, o aparelho para apneia do sono é uma alternativa válida e eficaz, conforme as diretrizes da AASM. Ele não substitui o CPAP em casos graves, mas é uma opção segura quando o CPAP não é tolerado.
Como é feito o aparelho para apneia do sono?
O sucesso do tratamento depende da personalização. Um dispositivo eficaz precisa ser confeccionado sob medida, a partir de:
- Moldes da arcada superior e inferior;
- Planejamento digital ou físico;
- Ajustes progressivos da protrusão mandibular;
- Avaliação periódica por dentista especialista em medicina do sono.
A confecção inadequada pode causar dor, deslocamento dentário e baixa eficácia. Por isso, aparelhos prontos vendidos na internet não são recomendados.
Como saber se o aparelho está funcionando?
A confirmação é objetiva.
Após algumas semanas de uso, o profissional solicita uma polissonografia com o aparelho, que avalia:
- Frequência das apneias;
- Nível de oxigenação no sangue;
- Eficiência do sono;
- Redução do ronco;
- Melhora dos parâmetros respiratórios.
Quando o dispositivo reduz significativamente o IAH e os sintomas, a terapia é considerada eficaz.
Quais são os benefícios além da respiração?
Além de melhorar a respiração, o aparelho:
- Aumenta a energia e disposição diurna;
- Reduz o risco cardiovascular;
- Melhora o humor e a cognição;
- Melhora a saúde metabólica;
- Reduz dores de cabeça matinais;
- Melhora o sono do parceiro.
A qualidade de vida melhora profundamente quando o sono é restaurado.
O aparelho para apneia do sono tem efeitos colaterais?
Possíveis efeitos no início da adaptação:
- Dor mandibular leve;
- Salivação aumentada;
- Desconforto muscular;
- Sensação temporária de alteração na mordida.
Todos são reversíveis e tendem a desaparecer nas primeiras semanas.
Acompanhamento regular evita complicações.
Quem não deve usar o aparelho?
O aparelho pode não ser adequado para quem tem:
- Periodontite avançada;
- Muitos dentes ausentes;
- Distúrbios graves da articulação temporomandibular (ATM);
- Apneia muito severa sem possibilidade de acompanhamento híbrido com CPAP.
Nesses casos, outras terapias devem ser avaliadas.
Qual é a evidência científica?
Diversos estudos internacionais confirmam a eficácia dos aparelhos de avanço mandibular:
- AASM Clinical Practice Guidelines (2015): recomenda como alternativa ao CPAP para apneia leve a moderada.
- Hoekema et al., AJRCCM, 2008: eficácia comparável ao CPAP em sintomas subjetivos e adesão superior.
- Marklund et al., Sleep Med Rev, 2019: melhora significativa do IAH e qualidade de vida.
- NIH – Office of Disease Prevention: destaca segurança e adesão do tratamento oral.
Essas referências mostram que o dispositivo é um dos tratamentos mais sólidos e bem estabelecidos dentro da medicina do sono.
FAQ – Aparelho para apneia do sono
Funciona parcialmente, mas o CPAP ainda é o tratamento principal.
Pode causar leve desconforto inicial, que tende a desaparecer com a adaptação.
Sim. A polissonografia é essencial para diagnóstico e indicação adequada.
Sim. Ele reduz o colapso da via aérea e diminui o ronco significativamente.
Não. Apenas dispositivos personalizados têm eficácia comprovada.
Conclusão: por que considerar o aparelho para apneia do sono?
O aparelho para apneia do sono é uma alternativa eficaz, segura e bem-estabelecida para pacientes com ronco e apneia leve a moderada, ou para aqueles que não toleram o CPAP. Ele atua diretamente na fisiologia da via aérea superior, reduzindo eventos respiratórios e protegendo o coração, o cérebro e o metabolismo.
No entanto, o diagnóstico correto e o acompanhamento multidisciplinar são essenciais. Cada paciente tem uma anatomia e um padrão de apneia únicos, e o tratamento ideal precisa respeitar essas particularidades.
Tratar a apneia do sono é investir em qualidade de vida, longevidade e bem-estar. O sono é um pilar fundamental da saúde — e merece atenção especializada.
Referências
- AASM – Clinical Practice Guideline for Oral Appliance Therapy. https://aasm.org
- NIH – Sleep Disorders Overview. https://www.nhlbi.nih.gov
- Marklund M. Mandibular Advancement Devices in OSA. Sleep Medicine Reviews. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31303218/
- Hoekema A. Oral Appliance vs CPAP. AJRCCM. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18079433/
- Cistulli PA. Oral Appliance Therapy. Chest Journal. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31883791/
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