Quando falamos em tratamento de apneia do sono, estamos lidando com um distúrbio respiratório que vai muito além do Ronco. A apneia obstrutiva do sono (AOS) ocorre quando as vias aéreas superiores se estreitam ou colapsam repetidamente durante o sono, interrompendo a passagem de ar por alguns segundos.
Essas interrupções provocam quedas na oxigenação, microdespertares e estresse fisiológico constante. Embora muitas pessoas não percebam que acordam durante a noite, o corpo vive um ciclo de esforço respiratório que afeta profundamente o coração, o cérebro e o metabolismo.
Por isso, escolher o tratamento correto não é apenas uma questão de conforto — é uma decisão diretamente relacionada à saúde e à longevidade.
O que acontece no corpo durante os episódios de apneia?
A Apneia do Sono é resultado da combinação entre anatomia e controle neuromuscular. Durante o sono, os músculos da faringe relaxam. Em indivíduos predispostos, essa musculatura perde estabilidade, causando:
- Redução do espaço da via aérea (hipofaringe e orofaringe);
- Aumento da resistência ao fluxo de ar;
- Colapso parcial ou total da via aérea.
Esse colapso provoca esforço respiratório sem entrada efetiva de ar, levando a:
- Hipóxia intermitente: queda repetida dos níveis de oxigênio;
- Hipercapnia: aumento do gás carbônico no sangue;
- Ativação simpática: liberação de adrenalina e aumento da pressão arterial;
- Microdespertares: fragmentação do sono profundo.
Esses eventos repetidos — às vezes centenas de vezes por noite — desencadeiam alterações sistêmicas que podem culminar em doenças graves.
Quais impactos a Apneia do Sono causa no coração e nos vasos sanguíneos?
A fisiologia da apneia explica por que o distúrbio é tão perigoso para o sistema cardiovascular. Estudos do National Institutes of Health (NIH) e revisões publicadas no PubMed apontam três mecanismos principais:
1. Ativação crônica do sistema nervoso simpático
A hipóxia desperta o cérebro repetidamente, acionando hormônios como adrenalina e noradrenalina. Isso mantém o corpo em um estado de alerta constante, mesmo durante o sono. Resultado:
- Aumento persistente da pressão arterial
- Maior risco de arritmias
- Sobrecarga cardíaca
2. Inflamação sistêmica
Os episódios de falta de oxigênio geram estresse oxidativo, aumentando citocinas inflamatórias que danificam tecidos — inclusive vasos sanguíneos.
3. Disfunção endotelial
O endotélio, camada interna dos vasos, perde capacidade de regular a pressão e o fluxo sanguíneo. Isso favorece:
- Aterosclerose
- Infarto
- Acidente vascular cerebral (AVC)
A AOS moderada a grave está associada a um risco até 2,5 vezes maior de hipertensão resistente e 2 vezes maior de AVC, segundo dados da American Academy of Sleep Medicine (AASM).
Quais são as opções atuais de tratamento de Apneia do Sono?
A medicina do sono evoluiu muito nas últimas décadas. Hoje, há diversos tratamentos eficazes, dependendo do perfil do paciente e da gravidade da apneia. Vamos explorar cada um deles com clareza e base científica.
O CPAP ainda é o tratamento mais eficaz?
O CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) é considerado o padrão-ouro para apneia moderada e grave. Ele funciona enviando ar pressurizado pela máscara, mantendo a via aérea aberta.
Benefícios comprovados
Pesquisas mostram que o CPAP:
- Reduz apneias e hipopneias em mais de 85% dos casos
- Melhora oxigenação noturna
- Reduz pressão arterial
- Diminui riscos cardiovasculares e metabólicos
- Melhora memória e disposição
- Reduz sonolência diurna
Limitações
Apesar da eficácia, a aderência é um desafio. Estudos sugerem que 30% a 50% dos pacientes têm dificuldade de manter o uso regular, especialmente devido a desconforto com a máscara, ruído, sensação de ar forçado ou claustrofobia.
O CPAP funciona extremamente bem — desde que o paciente consiga utilizá-lo consistentemente.
O Aparelho Intraoral é eficaz como tratamento de Apneia do Sono?
O dispositivo intraoral (ou aparelho mandibular) avançador reposiciona a mandíbula levemente para frente, aumentando o espaço da via aérea.
Quem se beneficia mais?
Evidências científicas
Estudos da AASM e American Dental Sleep Medicine (AADSM) mostram que os aparelhos intraorais:
- Reduzem significativamente o índice de apneia-hipopneia (IAH)
- Melhoram a oxigenação
- Diminui o Ronco em até 90% dos casos
- Apresentam maior aderência que o CPAP em muitos estudos
Embora o CPAP reduza mais apneias em números absolutos, o Aparelho Intraoral frequentemente é mais eficaz na vida real devido à aderência superior.
Cirurgias para Apneia do Sono: quando são indicadas?
A cirurgia não costuma ser o primeiro passo. Ela é recomendada para casos específicos, principalmente quando:
- Há obstrução anatômica evidente
- O paciente não tolera CPAP ou Aparelho Intraoral
- Há alterações nasais importantes
- Amígdalas são muito grandes (especialmente em crianças)
Tipos de cirurgia
- Uvulopalatofaringoplastia (UPFP)
- Avanço maxilomandibular
- Septoplastia e turbinoplastia
- Cirurgia da base da língua
- Implante hipoglosso
Efetividade
O avanço maxilomandibular apresenta taxas de sucesso superiores a 85%, sendo um dos procedimentos mais eficazes em casos bem selecionados.
Perda de peso e mudanças de hábitos resolvem a apneia?
Em muitos casos, sim. A obesidade é um dos principais fatores de risco para Apneia do Sono, pois o acúmulo de gordura na região cervical estreita a via aérea.
Estratégias eficazes
- Perda de peso sustentada
- Atividade física regular
- Evitar álcool e sedativos
- Dormir de lado
- Higiene do sono
Para alguns pacientes com apneia leve, apenas essas medidas já reduzem significativamente os sintomas.
Qual é o tratamento mais eficaz hoje?
A resposta depende do perfil clínico do paciente.
- Apneia leve: aparelho intraoral, mudanças de hábitos
- Apneia moderada: aparelho intraoral ou CPAP
- Apneia grave: CPAP como primeira opção; cirurgia ou Aparelho Intraoral se houver intolerância
- Nos casos de obesidade severa: perda de peso (incluindo cirurgia bariátrica em casos específicos)
A medicina atual considera o tratamento individualizado como a abordagem mais eficaz. Não existe “um único melhor tratamento”, mas sim o melhor tratamento para cada pessoa.
Conclusão
A apneia do sono é uma condição séria, progressiva e de impacto sistêmico. O tratamento de apneia do sono deve ser escolhido com cuidado, com base em diagnósticos precisos, como a polissonografia, e sempre considerando a experiência e os desafios do paciente.
Ignorar a apneia é ignorar sinais de cansaço, risco cardiovascular, perda cognitiva e qualidade de vida reduzida. O tratamento adequado transforma o sono — e transforma vidas.
FAQs com a palavra-chave “tratamento de apneia do sono”
Geralmente o CPAP é o mais eficaz, segundo diretrizes internacionais.
Sim, especialmente para casos leves e moderados ou intolerância ao CPAP.
Sim, mas apenas em casos selecionados com obstrução anatômica clara.
Sim, especialmente perda de peso e evitar álcool.
A polissonografia é o padrão ouro.
Referências internacionais
Javaheri S, Barbé F. “Sleep Apnea and Cardiovascular Disease.” PubMed. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/
American Academy of Sleep Medicine (AASM). https://aasm.org
National Institutes of Health (NIH). Sleep Apnea. https://www.nhlbi.nih.gov/health-topics/sleep-apnea
Weaver TE et al. “Adherence to CPAP Therapy.” PubMed. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/
Sutherland K, Cistulli PA. “Oral Appliance Therapy for Obstructive Sleep Apnea.” PubMed. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/
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