polissonografia domiciliar detecta o ronco e a apneia

A polissonografia domiciliar detecta ronco e apneia do sono?

Descubra como a polissonografia domiciliar detecta o ronco e a apneia do sono, avaliando a respiração e a qualidade do sono.

O que é a polissonografia domiciliar?

A polissonografia domiciliar é um exame diagnóstico que registra diversos parâmetros fisiológicos durante o sono, com o objetivo de identificar distúrbios como o ronco e a apneia obstrutiva do sono (AOS).
Diferente da versão realizada em laboratório, esse exame pode ser feito em casa, com um equipamento portátil, simples de usar e validado clinicamente.

O dispositivo é posicionado pelo próprio paciente antes de dormir, e os sensores registram dados essenciais como:

  • Fluxo respiratório;
  • Movimentos torácicos e abdominais;
  • Frequência cardíaca e oxigenação do sangue;
  • Posição corporal e intensidade do ronco.

Esses dados são analisados por especialistas em medicina do sono, que avaliam a ocorrência de pausas respiratórias (apneias), redução do fluxo aéreo (hipopneias) e níveis de saturação de oxigênio ao longo da noite.

Como a polissonografia domiciliar detecta o ronco?

O ronco é resultado da vibração dos tecidos moles da garganta — principalmente o palato mole e a úvula — quando há estreitamento das vias aéreas durante o sono.
A polissonografia domiciliar utiliza microfones e sensores de pressão que captam essas vibrações e registram a intensidade e a frequência dos sons respiratórios.

Essas medições permitem diferenciar o ronco primário (sem pausas respiratórias) do ronco associado à apneia obstrutiva do sono, condição em que o fluxo de ar é interrompido parcial ou totalmente.
Os algoritmos do exame podem identificar:

  • O momento em que o ronco ocorre no ciclo respiratório;
  • A correlação com quedas de oxigênio;
  • O impacto no padrão de sono e nos microdespertares.

Esse nível de detalhamento torna a polissonografia domiciliar uma ferramenta confiável para avaliar a gravidade do ronco e sua possível relação com apneia.

que é a apneia obstrutiva do sono e como ela ocorre?

A apneia obstrutiva do sono (AOS) é um distúrbio caracterizado por interrupções recorrentes da respiração durante o sono, causadas pelo colapso parcial ou total das vias aéreas superiores.
Durante esses episódios, o ar não chega adequadamente aos pulmões, resultando em queda de oxigenação (hipoxemia) e microdespertares para restabelecer o fluxo respiratório.

Fisiologia da apneia

Durante o sono, há uma redução do tônus muscular na faringe. Em pessoas predispostas — devido à anatomia, obesidade, aumento de tecidos moles ou retrognatismo —, essa diminuição leva ao fechamento da via aérea.
Cada pausa respiratória pode durar de 10 a 60 segundos e ocorrer dezenas de vezes por hora.

Com isso, o cérebro é forçado a ativar o sistema nervoso simpático para reabrir as vias aéreas. Esse processo fragmenta o sono, reduz o tempo de sono profundo e gera sintomas diurnos como:

  • Sonolência excessiva;
  • Dores de cabeça matinais;
  • Irritabilidade e déficit de concentração.

A polissonografia domiciliar é eficaz para diagnosticar apneia do sono?

Sim. A polissonografia domiciliar (tipo III ou IV) é um método eficaz para detectar apneia obstrutiva do sono moderada e grave, segundo diretrizes da American Academy of Sleep Medicine (AASM).
Estudos comparativos mostram alta correlação (acima de 90%) entre os resultados domiciliares e os obtidos em laboratório.

O exame mede o Índice de Apneia-Hipopneia (IAH) — o número de eventos respiratórios por hora —, que define a gravidade da apneia:

  • Leve: 5 a 15 eventos/hora
  • Moderada: 15 a 30 eventos/hora
  • Grave: acima de 30 eventos/hora

A principal vantagem é a possibilidade de o paciente dormir em seu ambiente natural, reduzindo o estresse e aumentando a representatividade do padrão de sono habitual.

No entanto, em casos de distúrbios complexos do sono, como movimentos periódicos das pernas, epilepsia noturna ou insônia crônica, a polissonografia laboratorial completa (tipo I) ainda é recomendada por incluir monitoramento cerebral (EEG).

Quais parâmetros a polissonografia domiciliar avalia?

Os principais parâmetros monitorados são:

  • Fluxo respiratório nasal/oral: detecta pausas ou reduções no ar inspirado.
  • Esforço respiratório torácico e abdominal: avalia se há esforço sem passagem de ar (apneia obstrutiva).
  • Saturação de oxigênio (SpO₂): indica hipoxemia.
  • Frequência cardíaca: identifica flutuações relacionadas à apneia.
  • Intensidade do ronco: quantifica vibrações sonoras.
  • Posição corporal: correlaciona apneia com a postura durante o sono.

Essas variáveis permitem compreender não apenas se a apneia está presente, mas como ela se manifesta e impacta o organismo.

Quais são os impactos da apneia do sono sobre o sistema cardiovascular?

A apneia e o ronco não tratadas têm efeitos sistêmicos profundos, especialmente sobre o sistema cardiovascular.
Cada pausa respiratória reduz o oxigênio no sangue e estimula a liberação de catecolaminas, que elevam a pressão arterial e o ritmo cardíaco.

Com o tempo, essa resposta repetitiva causa:

  • Hipertensão arterial resistente;
  • Aumento da rigidez vascular;
  • Arritmias (como fibrilação atrial);
  • Maior risco de infarto e AVC.

Estudos do National Institutes of Health (NIH) mostram que o tratamento adequado da apneia reduz significativamente o risco cardiovascular, melhorando a função endotelial e a regulação da pressão arterial.
(NIH – Sleep Apnea and Heart Disease)

Quando a polissonografia domiciliar é indicada?

A polissonografia domiciliar é indicada principalmente para:

  • Pacientes com suspeita clínica de apneia obstrutiva do sono moderada ou grave;
  • Pessoas com ronco intenso e sonolência diurna;
  • Situações em que o exame laboratorial é inviável (mobilidade reduzida, distância ou custo);
  • Monitoramento da eficácia de tratamentos, como CPAP ou aparelho intraoral.

A escolha do tipo de polissonografia deve ser feita por um médico do sono, considerando sintomas, histórico e comorbidades.

Quais são as vantagens e limitações da polissonografia domiciliar?

Vantagens

  • Permite dormir em ambiente natural, com maior conforto;
  • Menor custo e fácil acesso;
  • Alta precisão para diagnóstico de apneia moderada e grave;
  • Evita deslocamentos e longas esperas em laboratórios.

Limitações

  • Não registra ondas cerebrais (EEG), dificultando a análise completa dos estágios do sono;
  • Pode apresentar falhas de leitura se o paciente colocar mal os sensores;
  • Menor sensibilidade para apneia leve e distúrbios complexos do sono.

Portanto, embora seja altamente eficaz para a maioria dos casos, não substitui completamente a polissonografia laboratorial em situações específicas.

Como é feito o exame em casa?

O processo é simples:

  1. O paciente recebe um kit com o equipamento e instruções detalhadas;
  2. Antes de dormir, posiciona os sensores (nariz, tórax, abdômen e dedo);
  3. Dorme normalmente;
  4. No dia seguinte, devolve o aparelho para análise dos dados por um especialista.

O relatório final inclui gráficos do fluxo respiratório, saturação de oxigênio, intensidade do ronco e número de apneias por hora.
Com base nisso, o médico define se há necessidade de tratamento.

O tratamento da apneia e do ronco melhora a qualidade do sono?

Sim.
Ao tratar a apneia e o ronco, o paciente restaura o sono profundo e reparador, reduz a fadiga e melhora a oxigenação cerebral.
Os principais tratamentos incluem:

  • CPAP (Continuous Positive Airway Pressure): mantém as vias aéreas abertas com fluxo de ar contínuo.
  • Aparelho intraoral: reposiciona a mandíbula, ampliando o espaço da faringe.
  • Perda de peso e reeducação postural: reduzem o colapso das vias aéreas.
  • Cirurgias corretivas: indicadas em casos anatômicos específicos.

Com o tratamento adequado, há melhora do humor, da concentração e do desempenho cardiovascular.

Perguntas Frequentes (FAQ)

A polissonografia domiciliar é confiável?

Sim. Estudos da AASM mostram alta precisão para diagnóstico de apneia moderada e grave.

Ela detecta ronco leve?

2Sim, mas o foco principal é identificar apneia. O ronco é registrado como parâmetro complementar.

É possível dormir normalmente com o aparelho?

A maioria das pessoas se adapta bem, já que o equipamento é leve e não invasivo.

O exame precisa de médico para interpretação?

Sim. Apenas um profissional capacitado pode interpretar corretamente os dados.

A polissonografia domiciliar substitui a do laboratório?

Em muitos casos, sim. Mas para distúrbios complexos, a versão completa ainda é necessária.

Conclusão

A polissonografia domiciliar representa um avanço importante no diagnóstico da apneia do sono e do ronco.
Ela permite uma avaliação detalhada da respiração noturna em um ambiente natural, oferecendo conforto e precisão.

Ao detectar alterações respiratórias precocemente, o exame possibilita tratamentos personalizados que melhoram o sono, reduzem o risco cardiovascular e aumentam a qualidade de vida.

Mais do que um exame, a polissonografia domiciliar é uma ferramenta de prevenção — um passo essencial para entender o próprio sono e proteger a saúde de forma integral.

Referências

NIH. Sleep Apnea and Heart Disease. NIH.gov

American Academy of Sleep Medicine (AASM). Clinical Guidelines for the Use of Portable Monitoring in the Investigation of Sleep Apnea. AASM.org

Berry RB, et al. Use of portable monitoring for the diagnosis of obstructive sleep apnea. J Clin Sleep Med. 2017. PubMed

Javaheri S, et al. Obstructive Sleep Apnea and Cardiovascular Disease: Pathophysiology and Risk. Hypertension. 2017. PubMed

Malhotra A, et al. Sleep-disordered breathing and cardiovascular disease. Eur Heart J. 2021. PubMed

Unidade Campinas – R. Antonio Lapa, 1020 – Bairro: Cambuí – WhatsApp (19) 99813-7019

Unidade Brooklin – São Paulo – R. Alcides Ricardini Neves,12 – WhatsApp (11) 94164-5052

Unidade Tatuapé – São Paulo – R. Cantagalo, 692 Conj 618 – WhatsApp (11) 94164-5052

Unidade Valinhos – Av. Joaquim Alves Correa, 4480 – Sala 1 – WhatsApp (19) 99813-7019

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Dr Paulo Coelho

Dr. Paulo Coelho é graduado em Odontologia e Psicanálise, com especialização em Ortodontia, DTM e Dor Orofacial. Possui Mestrado em Ortodontia e Doutorado em Psicanálise, com foco em Distúrbios do Sono e Odontologia do Sono.
Atua de forma integrada no tratamento do ronco, da apneia do sono e das disfunções orofaciais, unindo ciência e abordagem humanizada para promover saúde, bem-estar e qualidade de vida.

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